Ainda referente à minha exposição face às relações Media-Política, ou por outra, e para que não haja confusões, face ao impacto cruzado entre Media-Política, segue este texto. O que é necessário, antes de qualquer outra coisa é perceber o papel dos Media, mais até do que dos políticos pois esse, bem que está referenciado quer no acto quer na literatura como são os reverendos casos de Péricles, Cícero, Aristóteles, John Locke e outros mais.
Os Media são um aspecto fulcral da vida política democrática. Por isso estão constitucionalizados em todas as Democracias soberanas, por isso os seus direitos são brutalmente violados nas sociedades fascistas, totalitárias, desiguais e persecutórias.
Os Media têm uma ambivalência bem funesta no caso português. De um lado as benefícios incalculáveis da liberdade de imprensa, e do outro os prejuízos de uma liberdade usada com malícia. Esta ambivalência prende-se com o facto de sob ameaça à liberdade de imprensa, todas as atrocidades são permitidas e tidas como exemplo político. O problema político da imprensa é que o senso político português imprime libertinagem à imprensa, em busca de uma liberdade que mais não é que um arquétipo platónico. O que de mais tenebroso saiu da revolução de 74 foi a ideia de que o respeito é sinónimo de fascismo e prepotência. Ora, sendo a Democracia o sistema político do mais elevado respeito, aquela forma de respeito em que conscienciosamente respeitamos o próximo e a maioria, facilmente se prevê o impacto desta amputação de que a nossa Democracia padece. Este problema que é relevante em todas as áreas da política, ganha notoriedade nos Media.
Verifico, com os múltiplos casos que envolvem aspectos legais das figuras públicas, que os Media extrapolam a sua liberdade e avançam doentiamente para o campo legal. O julgamento na praça pública, bem como todo o seu patrocínio jornalístico e legal (leia-se especulação e quebra do segredo de justiça) devem ser veementemente condenados. A Democracia só sai a ganhar com o bom jornalismo, não com o jornalismo sanguinário, até porque as sangrias sempre foram o último recurso para o pobre esqueleto amortalhado.
Por fim, a actividade política nada tem feito para inverter a tendência perversa da má comunicação, do jornalismo a duas cores (rosa e negro), do jornalismo irresponsável e sem ética que medra na libertinagem supra referida. Sempre que penso em Sócrates e no caso Freeport, e penso poucas vezes, tudo me parece cólera. Cólera de quem julga e de quem inadvertidamente defende Sócrates em sedes pouco próprias.
No fundo, todos vítimas da cólera, não pensaram que nem Sócrates nem ninguém, culpado ou inocente, merece o tratamento jornalístico dado a este caso. No fundo, todos vítimas da cólera, não pensaram que com uma boa classe política, este jornalismo não existia em Portugal. No fundo, todos vítimas da cólera, vivemos num sistema político democrático e avançado, e num plano jornalístico sensório e antiquado. É este o anacronismo político português.
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