Análises Políticas I (introduções)

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Eu gosto de política. Eu não gosto dos novos tempos de ofício político menos nobre. O político deveria ter sempre a noção que ser estadista é ser para os outros, e ser por tempo limitado. Sinto-me preocupado.
Hoje em dia, o contexto obriga cada vez mais a ser extremista ou fundamentalista, para que se consiga perceber ao certo, o que é que cada um é. É pena… O mundo de hoje em dia, lança sobe a ideologia, as ideias, a luta política, a esperança e a remodelação das estruturas (quer agressivamente revolucionária, quer subtilmente reformadora), a deprimente e esmagadora amarra realista dos lobbies, das influências, da corrupção ou dos Estados “latagões” que são dominados pelo investimento estrangeiro. Hoje em dia, o centro-esquerda descai à direita em Portugal ou na Alemanha, quer seja poder, quer seja oposição. Isto para não falar no PSOE espanhol que de “Operário” parece ter cada vez menos.
Posto isto, uma primeira e necessária análise sobre um tema central da política. As dimensões e apropriações funcionais do Estado, isto é, a sua expansão e impacto na sociedade, no que toca às responsabilidades que lhe cabe assumir, de forma restrita. Muito se poderia dizer, de bom e de mau acerca deste tema, mas nada seria do agrado de todos. Importa então afirmar algumas falsas questões levantadas presentemente. Considero um erro histórico, o entendimento que a direita em Portugal tem feito da questão da “Dimensão do Estado”. Ao CDS cabe assumir-se como força defensora ou do regime de extrema direita, de presença fortemente estatal, ou de um legado político Democrata-Cristão, que embora não me pareça plausível quando percebemos a base de sustentação do CDS no geral, não entende como prioridade a redução do Estado e como tal, é falso ou de contra censo assumir uma cerrada batalha à dimensão do Estado nos moldes em que este, está hoje designado.
Em relação ao PSD, este é um partido de difícil identificação ideológica, quer por culpa própria, quer pelo tão traumático e já referido atrás, andar dos tempos.
Mais análises se seguiram neste espaço, à medida que o meu tempo me dê o luxo da reflexão e do estudo que faço com frequência sobre estes temas, até porque falar do que é sério de forma irresponsável, é mais irresponsável que estar calado.
Tentarei ser breve na publicação das seguintes conclusões pessoais. Obrigado.

A utilidade de um banco de jardim

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Sempre que faz frio lá fora, eu saio a correr ao desconforto. Sou assim. Não sou de comudidades...

Posso até ficar gelado e inútil, como este banco de jardim sem jardim.
Posso até ficar só, como este triste banco de jardim.
Posso até ficar, simplesmente, por estar preso a um qualquer chão.

Mas fico. Mantenho-me, e sou até desconfortável, se alguém quiser fazer de mim seu descanso.

Máscaras

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Olhos vagos nesse negro vazio,
Máscara cal perfeita,
Dividida a traço artístico,
Em campos de todas as cores.

Elegante nos tons e motivos,
Elegante na expressão enigmática,
Elegante na pintura e brilho,
Elegante na presença.

Sem vida desperta,
Num rosto desejadamente falso,
Lança sedução e desejo,
Por detrás da fantasia.

As lágrimas desenhadas,
São mágoas de quem desenhou.
As formas moldadas,
São as mãos trémulas de quem moldou.
A arte,
É a imaginação de quem a sonhou.

O brilho, é só Carnaval…
Aquelas areias que brilham,
Sofrem o esfoliante da verdade.

O estatuário que esculpe,
Trabalha o estuque,
Com olhos que se não vêem,
Sabe que faz um truque,
Pois sem máscara se vê a alma,
A esperança ou a dor.

Encarar o temerário destino,
De disfarce belo e impostor,
É rejeitar na face os traços,
De sermos o nosso próprio escultor.


Pedro Carvalho 24/02/07

De repente e a pensar...

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Milita em mim um estado de espírito dissonante. Ora absolutamente feliz e tranquilo, ora agitado procurando coisas que não encontro, pois não existem. Nesses momentos chego a pensar que simplesmente não sei o que ando à procura. É ilusão. Não sei o que procuro, na certa medida de nada me encontrar a procurar. Por vezes, medito isso.
Procurar o que não existe, nunca será um vício, porque é totalmente erróneo e ingrato, quer imaterial, quer fisicamente. Não é com toda a certeza um estado de espírito, embora o pudesse ser de forma platónica. A procura do nada. Ou de algo que por não se conhecer ou saber o que é, se chama nada.
Parece tudo isto tão interessante como desajustado, tão aborrecido como torrencial na minha mente por vezes…
O rebuliço mental não deve ser, nem lamentavelmente desprezado, nem obsessivamente meticuloso, mas a sua análise ponderada leva a conclusões, recria o espírito, e dá-nos vida para além da vida.
Amo essa tão vaga definição de existência, por ser uma das pedras basilares que me mantêm vivo por dentro, por me mostrar caminhos diversos, por nunca me ter abandonado, por ser tão pessoal e honesta, e talvez porque todos temos momentos na vida, em que essa nossa existência intelectual, se deveria sobrepor à física.

O meu Castelo Vermelho

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O mundo é invernoso. Todos nós o sabemos.
É feliz quem tem castelos, daqueles que todos podem ter, dos que ladeando a alma, dão algum calor para se ser feliz. Existem muitos castelos diferentes. Idelógicos, afectivos, de entretenimento, de conduta, ou outros... Eu tenho o meu.
É pequenino por fora, mas enorme por dentro. Não tem pedras nem é frio ou mete medo, mas tem todos os esconderijos, magias e uma princesa. O meu castelo é assim. O meu castelo é só meu, só eu o vejo, é Vermelho, protege-me, dá alento, força, mostra-me o talento, alegria, rumo, histórias para viver, futuro, sonhos...
É vermelho e não existe outro igual.

O folião particular

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Decidiu-se ontem, pelo corte radical, o mais alto funcionário do Estado Português na Região Excessivamente Autónoma da Madeira.
Anunciava, então publicamente, a sua demissão do cargo que ocupa, legítima e democraticamente à trinta anos na região. Anunciava publicamente, já a imprensa o anunciara pela manhã. É que na verdade, esperava-se apenas a publicação em Diário da República do que iria motivar tão arrojada (ou talvez não) decisão. Um corte de 35 Milhões de euros, já este ano, e uma estimativa de corte futuro que ronda os 190 milhões.
Nunca ninguém gosta de “apertos de cinto” mas também nunca ninguém gosta de desigualdades ou posições privilegiadas. Na verdade, o que se passa na Madeira é até uma demonstração de que a zona é desenvolvida e que tem sido feito um trabalho bem conseguido na região. É que o Estado canalizou, e bem, os fundos disponíveis e curtos, para as zonas menos desenvolvidas do país, e por isso, a Madeira sofre um corte racional, e os Açores um aumento de divisas recebidas. Quanto à questão da intensidade do corte, este é um assunto que de forma rigorosa, deve ser analisada por quem de direito, e é de lembrar que esta lei passou por todas as instâncias necessárias, Ministério das Finanças, Conselho de Ministros, Assembleia da República e Presidente da República. Foi promulgada num Estado de Direito, do qual Alberto João Jardim parece ser o “filho estroina”, que critica o pai mas volta a casa quando a mesada termina.
Passando ao facto político em si, esse sim, o facto que deve preocupar menos todos os Madeirenses mas que deve ser motivo de reflexão ao mesmo tempo. Esta demissão, acarreta consigo directa e factualmente eleições antecipadas e aumento do mandato até 2011. Tudo o resto é novela… Promover a ideia de instabilidade é falso, na Madeira fala-se pouco de política, basta observar preocupantemente a reacção tímida e medrosa dos habitantes do Funchal (algo que foi explícito nas entrevista da RTP hoje emitidas). Falar de instabilidade política é absurdo porque a maioria absoluta e esmagadora não vai voltar a fugir a Jardim. Falar de crise institucional é olhar com uma lupa de aumentar, é que reacções desajustadas são frequentes e esta não passa de uma delas. Falar de colonialismo é exagerado e inapropriado, embora a Madeira não sobreviva sem a “Terrível terceira República do Continente”, essa que descolonizou. Quanto a ventos de mudança, são ténues, Alberto João Jardim vai continuar a abusar institucionalmente, vai continuar a fazer tudo de bom e de mau com métodos bons e maus, vai continuar a ser prepotente e entender-se desejoso de uma independência que se sabe agoniante, visto não ser um projecto sustentável.Por fim, vai continuar a não entender que os interesses de uma nação da qual ele é um dos seus mandatários e (em principio) defensores, sobrepõem-se a interesses regionais, em qualquer democracia avançada da Europa.
São conhecidas as suas partidas de Carnaval. Ai Alberto João, sempre o mesmo folião...

Como os outros

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Hoje é dia de São Valentim.
Alguém, num certo momento, quis dar um outro toque ao dia, ou fazer dinheiro com ele e desde aí, é Dia dos Namorados. Eu cá, contínuo a achar que há um segredo... Ser um dia como todos os outros. Amanhã também será Dia dos Namorados. Ontem também foi. Ofereçam uma flor ou uma palavra amanhã.
Ofereço tudo, todos os dias, à pessoa que amo. O sorriso é a cada dia imenso. O gesto mais bonito.
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As casas abandonadas do meu ser, ruínas esquecidas. Hoje, luz limpando e arejando as paredes de negrume.

Sou feliz

Chegado na corrente

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Quem sou?
O que me trouxe?
O que me fez chegar?
Quem esconde o meu Destino?
E quem é esse Senhor de mim?
De quem sou eu senhor?

Cheguei…
Sem vontade nem luta.
Cheguei por chegar, sem o saber.
Levemente… Em paz.
Como uma gota de água na maré.
Salgada decerto.
Boiando a claridade de um novo dia,
Todo ele novo naquela praia,
Areia a desbravar numa ilha deserta.
Alguma procura, sim.
Reflexões, palavras, abraços…
Bem com a vida.

A vida me trouxe,
Me irá levar.
Eu prendo… Prendo quem posso,
Dentro de mim trago,
Poemas a fazer.
Que só o futuro nos leva,
Me move e é aqui.

Destino, tu não existes.
Porque estás por detrás de tudo,
E antes de ti tenho quem,
Dê aos teus rígidos planos,
Tesouras de rasgar.

Então senhor de mim,
Talvez eu…
Talvez ninguém.
Decerto minha mão,
A quem me dá a mão,
Meu coração,
De quem me dá o seu.


Pedro Carvalho 10/02/07

Primeira folha...

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Arranco de mim a primeira folha de papel. Branca, sem linhas. Escrevo a preto, como todos os textos solenes. Lanço ao horizonte a primeira de muitas folhas escritas em papel. Espero lançar por muito tempo, palavras escritas por quem de mim escreve. Alongar-se-ão pelo horizonte de cada um, se a cada palavra lhe atribuírem um sentido, evolutivo, solto, esperançado, diferente, pensado.
Pedro Carvalho, 18 anos, agnóstico, esquerda progressista, verdadeiramente social-democrata sob a forma de Karl Kautsky, acredita na sociedade sob o legado da lei, carácter puramente urbano, espírito aberto, simples, pensativo, estudante de Economia na UCP em Lisboa.
Vivo com os meus pais, amo a minha namorada, sou grande amigo dos meus grandes amigos, tenho companheiros de luta, admiro todos os que têm valor, os que desenvolvem os seus talentos, os que pensam, ousam e se mantêm convictos às suas ideias.
Tenho qualidades, defeitos, escrevo prosa e poesia, tenho convicções, sou leal.
Sinto, acredito, penso, hesito, observo, observo-me e escrevo... Lanço Folhas ao Horizonte.