O horizonte da alma I

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O alcance da vontade

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A vontade é uma força interior. Mais que isso, é uma consciência nada serena, apressada, prestes a cair sem cuidar que existe queda. É sobretudo um desassossego dentro de nós. É arrebatadora e sonhadora, convicta de que a verdade das coisas tem mais do que existir, tem de ser o passo que se dá.

Bem-haja a todos os que caíram enleados em vontade, porque caíram por bem. No fundo como uma criança que por ser criança, tem sempre mais vontades que perguntas ou renitências. Vejo num choro inconsolado de uma qualquer criança a frustração de não seguir em frente, a dor de nos vermos negados na vontade.

Sou alguém que preso muito a razão, no fundo sou cauteloso, mas não abdico de ter vontade aqui e ali.

Tenho vontade de aprender na vida, tenho vontade de aprender com quem me saiba ensinar, tenho vontade de lutar pelo que acredito, tenho vontade de escrever sempre melhor e penso que todos devíamos ter a coragem de nos enchermos de vontade para simplesmente sermos felizes.

Guardo algo muito especial nas minhas memórias. O sabor de aprender com quem não sabe que me está ensinando. Pessoas simples, bem mais ricas e sábias que outras de riqueza e sabedoria calculada ou reconhecida. Lembrei-me de um episódio de alguém, que mais do que ter algo para me ensinar, ensinou-me o que foi a vontade na sua vida, e então que agora me lembro disso, me comovi.

Coisas minhas...

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liberdade

do Lat. libertate

s. f.,

faculdade de uma pessoa poder dispor de si, fazendo ou deixando de fazer por seu livre arbítrio qualquer coisa;
gozo dos direitos do homem livre;
independência;
autonomia;
permissão;
ousadia;
(no pl. ) regalias;
(no pl. ) privilégios;
(no pl. ) imunidades.

- de consciência: direito de emitir opiniões religiosas e políticas que se julguem verdadeiras;
- de imprensa: direito concedido à publicação de algo sem necessidade de qualquer autorização ou censura prévia, mas sujeito à lei, em caso de abuso;
- individual: garantia que qualquer cidadão possui de não ser impedido de exercer e usufruir dos seus direitos, excepto em casos previstos por lei.

Lendo Alberto Caeiro

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Finalizei a leitura do "Guardador de Rebanhos" e de uma grande série dos chamados "Poemas Inconjuntos". Fi-lo por gosto e confirmei as minhas anteriores impressões. Não sendo dos meus poetas preferidos, assim vos deixo...


Poema Nono

Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.

Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto.
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.


Alberto Caeiro

A Raiz do Linho de Eugénio de Andrade

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Por vezes lemos poemas que não se ficam por uma leitura. Conheço os seguintes versos à muito tempo, não os sei descrever. Gostava de fazer mais do que os ler, admirar, e levemente levantar um sorriso brevíssimo. São sublimes na simplicidade e na metáfora.
Fazem parte das minhas leituras.



A raiz do linho
foi meu alimento,
foi o meu tormento.

Mas então cantava.



Eugénio de Andrade

Férias são férias

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As férias servem para dar descanso ao corpo. Também descansam a cabeça e outros desarranjos, todos eles breves, porque dos outros temos a vida toda para tratar.

As minhas férias têm sido... Urbanas! De mais diga-se... Até estou perto do blog, contudo não são as esplanadas sobre o cimento que nos fazem esquecer o que seria o Verão noutras paragens.

Enfim, enquanto para aqui estou pede duas que alguem se há-de sentar comigo! Nem que seja para se sentar sem mais assunto, contudo de férias.
Afinal, igual a mim.

Parabéns Ricardo Mesquita

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Ao meu companheiro do Blog “Fantasmas do Passado” de tempos idos, aproveito precisamente o meu blog para te desejar um excelente dia de anos. Do miúdo irrequieto da papelaria, ao “sujeito de grande mau feitio”, ultimamente enclausurado pela Figueira da Foz, sempre “Ao Mais Alto Nível” e bem “Mais Além”, um grande abraço (perdão, um grande abrasso que com S é melhor).

Desejo-te 20 anos mais ajuizados que os primeiros… Ou no final de contas… Desejo-te apenas mais 20, falando através de um código bem especial…

Pombal-Lisboa, a viagem

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Em viagem dou por mim feito criança. A culpa é mesmo de um dia ter sido só e apenas criança. Não é bem culpa... Culpa temos, se hoje adultos, frustramos a criança que se sumiu.
Penso nisso e dou a cara ao vidro do comboio, que me arranca dos pedaços de criança e me lança na gigante urbe que acolhe um adulto. Pombal-Lisboa, uma viagem que faz parte de mim.
Tento que ela nunca seja uma clivagem da minha personalidade, assim como tento honrar a criança que já precisa de ser homem aos poucos. E assim, como que numa introspecção exaustiva, faço viagens dentro de mim, enquanto viajo pelas estações do comboio. Tenho medo e consciência. Nunca o medo foi de ter consciência, mas por vezes, a consciência dá medo.
Se fosse tão criança como um dia fui...

Não viajava nem dentro nem fora de mim.
Não eram tão avassaladoras aquelas lajes, aquelas plataformas, aqueles arcos desenhados por Calatrava quando chego ao destino.
Não era tão impreciso o meu estado de espírito.

Aproveita menina. Aproveita enquanto o vidro te devolve apenas uma menina, e nada mais.

Acordando do sono

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Ando sonolento... Um estado desprezível que desperdiça a vida com grandes projectos, todos diários e que não têm nem sentido, nem conclusão, nem obra nenhuma...
Enfim, tendo-me apercebido desta triste situação resolvi ser algo produtivo e nada melhor para começar que um desvario. Perdoe-me quem achava que este blog era incompatíel com desvarios, mas fica a garantia que a emissão seguirá nos moldes que anteriormente estavam estabelecidos.
Resta acordar o Homer que há em mim...
Até já!