De quem é a Propaganda?

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Faço esta constatação há já algum tempo. Muito se diz sobre o fenómeno comunicacional. Este vive um momento político sem precedentes. Concordo. Quase todos dizem que se trata do governo mais auto elogioso do pós-25 de Abril. Fala-se à boca cheia de propaganda política. Muitos deles enchem a boca com essa palavra sem nunca terem lido um comunicado de Salazar ou Franco, lido sobre a Campanha do Trigo de Mussolini, ou “apreciado” o Realismo Socialista, pintura nobre da era Estalinista. Com muitos outros não passa o mesmo, e de facto, sabendo de que se trata, levianamente a comparam com as infelizes tiradas de Sócrates, ou as estapafúrdias afirmações quotidianas de Santos Silva.

O que não tenho dúvidas é de que está na moda dizer que o governo faz propaganda! Como não sou o dono da verdade, nem faço propaganda por ninguém, resta-me concluir que é tão nefasta a campanha contra o governo, como danoso um Governo de propaganda. Bem sei que por mim, Sócrates já tinha pedido a demissão, mas isso não me impossibilita de o defender num caso em que, manifestamente, os críticos são irascíveis. É que se confunde má governação e campanha, incompetência e falta de sentido de Estado, com propaganda, que é uma acusação liminarmente anti-democrática e que é desajustada à realidade.

E a propósito, para pessoas que como eu gostam de fazer pirraça do Magalhães, metamos 2 a 3 cordas desta viola no saco.

1 horizontes dispersos:

João Gante disse...

propaganda
s. f.
1. Conjunto de actos que têm por fim propagar uma ideia, opinião ou doutrina.
2. Associação que tem por fim a propagação de uma ideia ou doutrina.

Terias mais sorte contestando os senhores das causas fracturantes que colam o rótulo de fascista em tudo o que se lhes opõe. "Propaganda" não tem exclusivos, Pedro, é mesmo um termo com vários graus. O deste governo, parece-me, não é o começo de nada. É tanto uma consequência da política de comunicação do seu antecessor como esse o foi. O que se passa é que as consequências estão de facto a ficar sérias. É um caminho natural, é certo, que aconteceria com outro governo de outro partido, antes ou depois é difícil dizer - talvez depois, dado o grau de preparação de que Sócrates dispôs. Este governo tem o "estigma" de parecer um primeiro que não é. Mas isso não lhe retira demérito nenhum. E não estar preparado para o que aí vem quando tão bem relembras exemplos anteriores de consequências extremas, passa da desculpabilização para o laxismo.