A boa e a má cristandade

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Estive a ver o “Eixo do Mal”, esse programa estranho de limiar divertimento dos sábados à noite. Por lá se falou de Isaltino Morais. Desculpem, não posso deixar de sorrir com tal apelido. Reza o jornalismo que Isaltino assume com toda a naturalidade todos os crimes que prescreveram. Com desplante assume que os 400 mil euros na Suíça são sobras de antigas campanhas autárquicas. Com o mesmo desplante responde ao juiz que o carro comprado por 35 mil euros, pagos em dinheiro, resulta do seu gosto particular por andar com numerário no bolso.

Isaltino assumiu assim, em tribunal, que esteve envolvido directamente em casos de corrupção. Isaltino assume assim que é, ou por outra, que foi (até porque as datas dos ilícitos revestem-se aqui de substancial importância) corrupto. Isaltino até poderá sair ilibado de todas as acusações referentes a crimes que não prescreveram e, delicia das delícias, será com toda a certeza reeleito nas próximas autárquicas.

Ora aqui está o povo português na sua faceta de bom Cristão. Insiste em dar a outra face, e o seu perdão rivaliza com o do Reino dos Céus, que como se sabe, excepto em parcos casos, é bem maior do que qualquer reino que se funde na Terra. É claro que só podemos concluir que cada um tem aquilo que merece. O povo vai-se maquilhando como a massa indigente da Democracia. Ámen.

Ora volta e não volta, estamos no autocarro, na repartição de finanças ou no tasco. São sítios onde pululam indigentes, sobretudo nas repartições de finanças, algo que não tem qualquer desprimor, até porque se ainda não nos calhou, há-de estar para nos calhar. Os indigentes da Democracia, fora o ano das eleições, tem sempre três anos de pousio. O que fazer nesse tempo morto? Ser mau Cristão. Dizer que os políticos são uns “gatunos”e que “ só querem é poleiro”. Muita atenção! Dizer isto de todos! Não só daqueles onde a actuação se compadece com tais afirmações.

Resumindo, a Democracia anda impregnada de indigência "cristianizada". Mas também que quereis vós? Com eleições ao Domingo…

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