Ensaio de um futuro Ensaio Político

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Dada a última publicação, sinto-me levado a escrever um esboço do que seria um testamento político, jovem, algo imberbe mas vivido. Testamento não, antes um ensaio político. Não tenho a presunção de estar aos 20 anos onde outros estão aos 50. Mas julgo ter aos 20 anos, algo que infelizmente não graça na comum mortalidade: (bom) senso político. Entenda-se senso político por valores e ideologia vincada. Entenda-se o adjectivo, neste caso com toda a propriedade qualificativo, não como uma pretensão de superioridade moral, antes pelo contrário, como o resultado de uma premente necessidade de fundamentar este senso com leituras e estudos sobre o que de melhor se pensou.

Posto isto
reparo que sou Social-Democrata, algo que não tinha interiorizado aquando da exposição sobre o Capitalismo que agora terminara. Ainda bem, por tudo. Porque idoneamente concluí que esta crise refuta a tese de que a modernidade trai ou relativiza a minha utopia, ao contrário do que muitos diziam. Antes a pergunta que se colocava à esquerda moderada era se tinha razão para existir, ou se era uma refundação desvirtuada da direita moderada. Hoje não sinto necessidade de justificar o meu código genético político. Só sinto necessidade de procurar alguém digno de o defender.

É que ser Social-democrata é ser pelo mercado porque ele é o sistema mais eficiente e ao mesmo tempo poder ser pelo “welfare state” que é a posição mais justa que um Estado pode tomar. É ser pela regulação indispensável aos mercados, e pela livre iniciativa que é indispensável para as liberdades económicas dos cidadãos. É defender a Educação e a Lei porque fundam uma sociedade orientada pelo conhecimento, pelo Direito Natural e pelo preceito Moral. É ser tolerante, porque a ideologia e sobretudo a Moral não vincula religião, sexo, raça ou orientação sexual. É defender sem pejo a nossa cultura e ver o que as outras têm de melhor. No fundo é perceber que a procura do Bem e da Verdade não se faz pelo simples progresso que nos dá o mercado (Neoliberais), nem pelo preceito ainda que ético de uma religião (Democratas-Cristãos), nem pela expropriação das liberdades individuais em prol de uma colectividade potencialmente melhor (Socialismo), nem por um entendimento de superioridade étnica ou civilizacional (Fascismo).

Interpretando o existencialismo de Sartre, considero que
o Bem numa sociedade é ser livre para ser quase tudo ou quase nada, sem que possamos ser tudo ou nada. É ter um estado forte na medida em que seja capaz de providenciar um erário público remediado, que permita uma acção social extensa assente num funcionalismo público premiado pelo mérito e instigado ao acto de servir. A construção de uma sociedade civilizacionalmente avançada e um Estado militarmente protegido. Assim se viveria em Social-Democracia, sem que se trate de utopia. Afinal de contas, é só dar uma espreitadela a Estocolmo ou Helsínquia.

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