O presidente Angolano está em Portugal e por cá irá ficar até amanhã. A visita é de negócios e estão todos os mais altos representantes de ambos os Estados envolvidos. Juntam a estes o Presidente da Sonangol, Manuel Vicente. Só duas coisas interessam referir à cerca desta reunião: a questão económica e moral.
Economicamente, eminentes economistas referem que as oportunidades bilaterais são óptimas para ambos os lados. Portugal vende o seu “Know-How” e o seu prestígio empresarial assente no facto de ser “Europeu e moderno”. Angola tem o dinheiro que Portugal, e em bom rigor, a generalidade dos estados desenvolvidos não tem. Deste argumento degeneram vários que defendem que Portugal tem possibilidades de emprego, lucro e presença estrutural num país de futuro exponencial. Degeneram também argumentos como o imprescindível contributo Português para a reconstrução de um futuro monstro, ou seja, que a plataforma de entendimento ajuda, sobretudo, Angola. O futurismo tem duas coisas: a primeira é que não é ciência, a segunda é que é uma coisa lixada. Centro-me na minha definição de capitalismo. Sistema eminentemente económico baseado no livre mercado e na definição de toda a forma de propriedade privada. Capitalismo porquê? O capital é o recurso produtivo eminentemente mais proveitoso, ganhando vantagem sobre Terra ou Trabalho. Tudo isto tem um vínculo positivo apenas. Legitimamente extrapolo para o carácter normativo. Aí observo que a Galp, com 33% nas mãos da UNI (Petrolífera italiana) e outros 33% na Amorim Energia que é controlada pela Sonangol já só é uma Petrolífera Portuguesa no papel. No BCP a Sonangol é o maior accionista de referência (10% e vontade para reforçar). Em Angola, Portugal tem bancos nos quais foi coagido para vender importantes fatias de capital, em condições muitas vezes danosas. Podem-me dizer que o mercado está definitivamente aberto e que Portugal tem de aproveitar a oportunidade. Podem-me dizer que não há diferença entre capital Angolano ou outro capital estrangeiro. Há inúmeras verdades em que consinto, mas não menos os inúmeros perigos em que podemos incorrer. Não vejo a questão económica com ressentimento colonial, mas vejo-a com algum receio, o que em bom português, geralmente guarda a vinha (leia-se os interesses do meu país).
Sem querer enveredar pele posição do “Velho do Restelo”, passo à questão moral. O BE recusou receber o Presidente da Republica Angolano no Parlamento. Fez bem. Primeiro porque Angola é assombrosamente corrupta e a culpa é dos seus governantes em grande medida. Em segundo porque negócios não se tratam no Parlamento. Para que não me acusem de irrealismo, eu próprio proponho uma saída honrosa por parte do governo para contornar a situação. Receber a comitiva angolana noutro sítio, com toda a pompa e sem a circunstância. Porque afinal de contas, é da pompa que vivem os Homens de Estado do nosso tempo, e é da circunstância, e do seu juízo, que vive a ética e a moral. A circunstância Angolana não se compadece com recepções em Parlamentos Democráticos e casas de Democracia.
Vale a pena ainda referir mais uma coisa. Se as ligações entre o Estado Angolano e a Sonangol não são transparentes, como quase todo o restante meandro político Angolano, então o dinheiro da Sonangol serve para a compra de uma moralidade que não tem nem se compra com petróleo.
Economicamente, eminentes economistas referem que as oportunidades bilaterais são óptimas para ambos os lados. Portugal vende o seu “Know-How” e o seu prestígio empresarial assente no facto de ser “Europeu e moderno”. Angola tem o dinheiro que Portugal, e em bom rigor, a generalidade dos estados desenvolvidos não tem. Deste argumento degeneram vários que defendem que Portugal tem possibilidades de emprego, lucro e presença estrutural num país de futuro exponencial. Degeneram também argumentos como o imprescindível contributo Português para a reconstrução de um futuro monstro, ou seja, que a plataforma de entendimento ajuda, sobretudo, Angola. O futurismo tem duas coisas: a primeira é que não é ciência, a segunda é que é uma coisa lixada. Centro-me na minha definição de capitalismo. Sistema eminentemente económico baseado no livre mercado e na definição de toda a forma de propriedade privada. Capitalismo porquê? O capital é o recurso produtivo eminentemente mais proveitoso, ganhando vantagem sobre Terra ou Trabalho. Tudo isto tem um vínculo positivo apenas. Legitimamente extrapolo para o carácter normativo. Aí observo que a Galp, com 33% nas mãos da UNI (Petrolífera italiana) e outros 33% na Amorim Energia que é controlada pela Sonangol já só é uma Petrolífera Portuguesa no papel. No BCP a Sonangol é o maior accionista de referência (10% e vontade para reforçar). Em Angola, Portugal tem bancos nos quais foi coagido para vender importantes fatias de capital, em condições muitas vezes danosas. Podem-me dizer que o mercado está definitivamente aberto e que Portugal tem de aproveitar a oportunidade. Podem-me dizer que não há diferença entre capital Angolano ou outro capital estrangeiro. Há inúmeras verdades em que consinto, mas não menos os inúmeros perigos em que podemos incorrer. Não vejo a questão económica com ressentimento colonial, mas vejo-a com algum receio, o que em bom português, geralmente guarda a vinha (leia-se os interesses do meu país).
Sem querer enveredar pele posição do “Velho do Restelo”, passo à questão moral. O BE recusou receber o Presidente da Republica Angolano no Parlamento. Fez bem. Primeiro porque Angola é assombrosamente corrupta e a culpa é dos seus governantes em grande medida. Em segundo porque negócios não se tratam no Parlamento. Para que não me acusem de irrealismo, eu próprio proponho uma saída honrosa por parte do governo para contornar a situação. Receber a comitiva angolana noutro sítio, com toda a pompa e sem a circunstância. Porque afinal de contas, é da pompa que vivem os Homens de Estado do nosso tempo, e é da circunstância, e do seu juízo, que vive a ética e a moral. A circunstância Angolana não se compadece com recepções em Parlamentos Democráticos e casas de Democracia.
Vale a pena ainda referir mais uma coisa. Se as ligações entre o Estado Angolano e a Sonangol não são transparentes, como quase todo o restante meandro político Angolano, então o dinheiro da Sonangol serve para a compra de uma moralidade que não tem nem se compra com petróleo.
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