Conto para adultos: As concessões no nosso País

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Há histórias que se devem contar a qualquer filho, mas algumas delas só se devem contar quando ele já for adulto. Hoje trago-vos uma dessas histórias arrepiantes. Os mais sensíveis podem continuar a ler, excepto se forem ética e moralmente sensíveis. Ainda assim recomendo a todos, já que é uma simples preparação que cada cidadão deve fazer para não ser vilipendiado. Hoje trago-vos a história das concessões Lusoponte. Como tantas outras histórias de obras públicas tem um paradoxo face às histórias que se contam às criancinhas: não têm moral nenhuma!

Se alguma vez já se perguntou sobre o monopólio que a Lusoponte detém nas concessões sobre o Tejo a jusante de Vila Franca de Xira a resposta é um contrato de concessão estabelecido com o Estado. Se nunca se perguntou, o que é perfeitamente normal, brevemente lhe chegará o interesse, uma vez que a terceira ponte sobre o Tejo poderá levar o assunto à baila.

Muito se poderia falar das razões da exclusividade, pouco é adiantado nas fontes do Diário Económico, jornal onde eu descobri este “conto de encantar”. O que é adiantado é que o Ministro das Obras Públicas à data era Ferreira do Amaral. Entretanto, na alternância democrática a regra essencial é saber “rodar”, não espantando por isso que Ferreira do Amaral seja agora o Presidente do Conselho de Administração da Lusoponte.

Tudo isto seria agora um grande entrave à terceira ponte sobre o Tejo, não fosse mais uma vez a alternância democrática dar uma ajuda. É que em 2000, e segundo o mesmo jornal, o contrato foi revisto, ainda que mantendo a exclusividade, pelo ministro competente à data. E adivinhem agora quem? Esta é substancialmente mais fácil, o Ministro Jorge Coelho, agora na Mota-Engil como é do conhecimento comum.

Fim de história. Fim de história não! - Vociferaram os leitores deste conto! Têm razão, também estou ansioso por saber se a Mota-Engil ganhará a concessão da terceira ponte sobre o Tejo, numa reedição do “dividir para poder reinar”, ou se o estranho monopólio da Lusoponte se mantém.

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