Eu tinha ficado com uma impressão. Impressão de que já antes tivera razão. Ouvi quem de direito, o Sr. Presidente da República; e depois ouvi e li os que, como eu, ouviram quem de direito. Ele de facto, “engonhou”. “Engonhar” é coisa que fica sempre mal na credibilidade de alguém. Só não engonha quem diz a verdade ou mente de profissão. Cavaco é economista, professor, e quanto à verdade da sua versão…
Bem, em primeiro lugar não houve versão. Houve um constrangedor passar ao lado do essencial. Uma oratória tão nervosa e difusa que não deu para mascarar a voluntariedade errática da mesma. Por isso, dificilmente se tem palavras para comentar as palavras da República, na boca do seu (e do nosso) Presidente. As palavras não foram para nos elucidar, nem sequer para acalmar os cidadãos. Todos nós continuamos sem saber cabalmente o que se passou, orientando a sociedade civil para as inopinadas do costume e do nosso queixume. Assim temos que, propositadamente, o Presidente não explica por incapacidade política, e furta-se a explicar, o que só pode ser entendido como comprometimento para com o deplorável acontecimento. Ao seu assessor, o demitido, dedicamos alvíssaras e longa vida para o seu próximo cargo no Palácio Presidencial.
Tudo isto finda assim; pois o resto foi uma comunicação ao país com o valor de uma ligação ao Apoio Técnico da Sapo. Até porque eu, cidadão desta República cada vez mais Musaceae, não quero que o Presidente venha dizer-nos, como se a um psiquiatra se tratasse, a sua angústia em o seu e-mail poder estar a ser escutado. Intervenha. Questões de segurança interna nem têm de vir a público; devem ser evitadas, e nessa impossibilidade, corrigidas sem alarido. Só haveria uma razão para Cavaco, dirigindo-se ao país, falar do seu e-mail pessoal quando o assunto é a “interferência da Casa Civil no caso das escutas”, e eu até tenho medo de pensar que a eventual violação do e-mail do Presidente está relacionado com o berbicacho, pois fosse isso verdade, e teria sido directamente Cavaco a falar com o Público, num acto cobarde de bárbaro terrorismo institucional.
Chego à triste conclusão que o Presidente da República interveio de forma directa e incorrecta no “caso das escutas”. Directa porque é o seu assessor de toda a vida que suja as mãos. Directa porque esse assessor é demitido mas recompensado com outro cargo. E directa porque Cavaco não se explicou, “engonhou”. No caso eventual de o Governo, de facto, ter escutado o Palácio Presidencial, Cavaco podia, e teria tido a obrigação de pedir explicações. Seria legítimo, e do meu ponto de vista boa prática, demitir o Governo por quebra das basilares regras de funcionamento das instituições democráticas, dando ainda a conhecer aos portugueses, antes das Legislativas, todos os pormenores para uma decisão em consciência. O resto é má prática e fraco entendimento, golpes de compromisso eleitoral, e pressões nada dignificantes de parte a parte.
Tudo isto finda assim; pois o resto foi uma comunicação ao país com o valor de uma ligação ao Apoio Técnico da Sapo. Até porque eu, cidadão desta República cada vez mais Musaceae, não quero que o Presidente venha dizer-nos, como se a um psiquiatra se tratasse, a sua angústia em o seu e-mail poder estar a ser escutado. Intervenha. Questões de segurança interna nem têm de vir a público; devem ser evitadas, e nessa impossibilidade, corrigidas sem alarido. Só haveria uma razão para Cavaco, dirigindo-se ao país, falar do seu e-mail pessoal quando o assunto é a “interferência da Casa Civil no caso das escutas”, e eu até tenho medo de pensar que a eventual violação do e-mail do Presidente está relacionado com o berbicacho, pois fosse isso verdade, e teria sido directamente Cavaco a falar com o Público, num acto cobarde de bárbaro terrorismo institucional.
Chego à triste conclusão que o Presidente da República interveio de forma directa e incorrecta no “caso das escutas”. Directa porque é o seu assessor de toda a vida que suja as mãos. Directa porque esse assessor é demitido mas recompensado com outro cargo. E directa porque Cavaco não se explicou, “engonhou”. No caso eventual de o Governo, de facto, ter escutado o Palácio Presidencial, Cavaco podia, e teria tido a obrigação de pedir explicações. Seria legítimo, e do meu ponto de vista boa prática, demitir o Governo por quebra das basilares regras de funcionamento das instituições democráticas, dando ainda a conhecer aos portugueses, antes das Legislativas, todos os pormenores para uma decisão em consciência. O resto é má prática e fraco entendimento, golpes de compromisso eleitoral, e pressões nada dignificantes de parte a parte.
E quanto à pergunta do Presidente: “Onde está o crime?”, está no criminoso; não havendo, está no manhoso; não podendo haver, “engonho”.