Em relação à Comunicação Social, tema que pela sua dimensão – e sobretudo intervenção - recente se tornou de uma perversidade perigosa para o próprio sistema democrático, pouco se diz e se escreve nos memorandos políticos. Passos Coelho, com o seu novo PSD, foi dos poucos a agitar as águas que antes, já Menezes, o agitador, agitara. Para ele, e isto está expresso no documento de revisão, o Estado não deve ser detentor de qualquer forma de Comunicação Social. No meu entender, isto é um dilema de impossível solução, pelo menos à luz prática. É que se é bem verdade que o desejável seria a inexistência de uma Comunicação Social Pública, por fim de obstaculizar qualquer tentativa de interferência do Estado na Opinião Pública, todos sabemos que essa tal Opinião Pública, tal como Walter Lippmann afirmava, “não é letrada”, e assume-se cimeira na vida política das Democracias de uma forma estranha, quase invisível, como um “dado adquirido”. Sócrates sabe, e morrerá por isso, e os portugueses sabem-no também. O problema é então claro, os Media, como manipuladores e até construtores de Opinião Pública, relevam num poder perigosíssimo, que eu compreendo que não possa ser estatizado, sob pena de arruinar a Democracia, mas não é menos relevante e danoso, o cenário pantanoso de uma sociedade, como a Portuguesa, em que nutrindo uma suposta imparcialidade pestilenta, se contamina a Opinião Pública com jornais a la carte, mesmo ao jeito de uma oposição política, económica ou até supra nacional. Assim sendo, talvez o sistema misto me pareça o mais adequado, ainda que nada resolva, pois aquilo a que assistimos hoje é uma guerra surda de gritos torpes, ora da Comunicação Social estatal, ora da económica e politicamente empenhada. Outro país e outra gente fôssemos, e teríamos Media’s politizados às claras, sem prejuízo da Democracia. Mas esse era o país onda a RTP 2 não tinha 4% de share. É pena, mas é o que temos, e a Constituição deve ser para estes que somos.
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