Coisas das quais tanto gosto
A taxa de Câmbio
500 mil euros = 1 ...
Roberto (o GR do Benfas que parece um electricista) = 17 ...
1 "interesse nacional" = 15000 ...
TGV = 349500 ...
A Constituição dele - Expressões e ideias de Abril
“A abolição do imperalismo, do colonialismo e de quaisquer outras formas de agressão, domínio e exploração nas relações entre os povos, bem como o desarmamento geral, simultâneo e controlado”;
" comissões de moradores";
"sector cooperativo";
"o direito à autogestão";
"coexistência do sector público, privado e cooperativo";
"o direito de expropriação dos meios de produção ao abandono";
"o direito à eliminação dos latifúndios";
"formas de exploração da terra alheia";
"redimensionamento dos minifúndios";
E por fim, cai por terra também a ideia do julgamento dos ex-membros da PIDE.
A Constituição dele - Comunicação Social
Em relação à Comunicação Social, tema que pela sua dimensão – e sobretudo intervenção - recente se tornou de uma perversidade perigosa para o próprio sistema democrático, pouco se diz e se escreve nos memorandos políticos. Passos Coelho, com o seu novo PSD, foi dos poucos a agitar as águas que antes, já Menezes, o agitador, agitara. Para ele, e isto está expresso no documento de revisão, o Estado não deve ser detentor de qualquer forma de Comunicação Social. No meu entender, isto é um dilema de impossível solução, pelo menos à luz prática. É que se é bem verdade que o desejável seria a inexistência de uma Comunicação Social Pública, por fim de obstaculizar qualquer tentativa de interferência do Estado na Opinião Pública, todos sabemos que essa tal Opinião Pública, tal como Walter Lippmann afirmava, “não é letrada”, e assume-se cimeira na vida política das Democracias de uma forma estranha, quase invisível, como um “dado adquirido”. Sócrates sabe, e morrerá por isso, e os portugueses sabem-no também. O problema é então claro, os Media, como manipuladores e até construtores de Opinião Pública, relevam num poder perigosíssimo, que eu compreendo que não possa ser estatizado, sob pena de arruinar a Democracia, mas não é menos relevante e danoso, o cenário pantanoso de uma sociedade, como a Portuguesa, em que nutrindo uma suposta imparcialidade pestilenta, se contamina a Opinião Pública com jornais a la carte, mesmo ao jeito de uma oposição política, económica ou até supra nacional. Assim sendo, talvez o sistema misto me pareça o mais adequado, ainda que nada resolva, pois aquilo a que assistimos hoje é uma guerra surda de gritos torpes, ora da Comunicação Social estatal, ora da económica e politicamente empenhada. Outro país e outra gente fôssemos, e teríamos Media’s politizados às claras, sem prejuízo da Democracia. Mas esse era o país onda a RTP 2 não tinha 4% de share. É pena, mas é o que temos, e a Constituição deve ser para estes que somos.
A Constituição dele - Candidaturas, Nomeações e Cargos Públicos
O desempenho de um cargo público é algo que, um pouco por toda o mundo Ocidental, tem vindo a servir amiúde como instrumento e móbil de corrupção estatal. Por isso, as sociedades democráticas carecem de legislação que vá ao campo, e que deixe uma certa sobranceria que tem permitindo, e por vezes patrocinado, a promiscuidade entre os poderes políticos e económicos assim como o tráfico de influências. Note-se que não quero com isto dizer que as leis têm promovido a corrupção e a desonestidade política. Tem sido a falta de ética que, usando ou sopesando-se na inabilidade legisladora, tem-se enraizado de forma crónica e cabal um pouco por todos as entidades, ministérios, organismos, fundações e suas dependências pagas pelo contribuinte. E é neste aspecto que a Revisão Constitucional proposta pelo PSD mais recolhe o meu aplauso. Existe neste documento, um verdadeiro ímpeto moralista e de sentido de Estado. Impedir que os políticos condenados se recandidatem e proibir os governos de nomearem dirigentes para a administração pública ou entidades controladas pelo Estado parece-me um óptimo princípio. O que antes era uma ingenuidade legislativa – propositada ou não – ganha robustez com as limitações ao governo, que passaria a ser obrigado a sujeitar à aprovação do Presidente da República a nomeação dos presidentes das entidades fiscalizadoras. Como exemplo soberano deste cuidado em evitar conflitos de interesse, o presidente do Tribunal de Contas passaria a ser eleito interpares, por juízes conselheiros, e todos nós sabemos como o Tribunal de Contas tem sido desonestamente esquecido por este governo. Em súmula, a preocupação em dotar de independência os meios fiscalizadores da actividade governativa merece todo o meu apreço, bem como o esforço em prol da moralidade no desempenho dos cargos públicos.
A Constituição dele - Trabalho
A Constituição dele - Educação
Tenho por hábito dizer que se há coisa onde não somo iguais é na capacidade intelectual. Esta é, obviamente, influenciada pelo esforço, dedicação e habilidade nos estudos, bem como num conjunto de outras valências comummente designadas – e abarcadas simplisticamente – de inteligência. Curiosamente, foi principalmente aí que a matriz política de que perfilho deu as maiores provas de progresso, e em certa medida, é o alto nível de educação e competência que vai sustentando a manutenção da Social-Democracia Nórdica. O centro esquerda Social-Democrata resolveu o problema atribuindo educação para todos, num princípio de não discriminação e grande qualidade do ensino público, quer na provisão quer na investigação. Em Portugal, ainda que erroneamente orientado, não custa lembrar o bom principio que guiou um governo PS à “paixão pela Educação”. Por ora, a proposta do PSD prevê que o Estado deixe de se obrigar a «criar um sistema público» e a «estabelecer progressivamente a gratuitidade de todos os graus de ensino». É precisamente o inverso do verificado nos estados Sociais-Democratas do Norte da Europa, onde em termos de Educação, as conclusões são inequívocas: aquele é o melhor e o mais justo dos caminhos, até porque, nas sociedades actuais, a educação é a arma da tão proclama ascensão social com a qual a direita enche a boca. Se querem realmente a meritocracia e a ascensão social, provenham educação sem descriminação ao povo. Sem educação gratuita, só se pode esperar o classicismo e o imobilismo, tanto das classes, como do progresso.
A Constituição dele - Sáude
A Constituição dele
Como há sempre um dia, mais tarde ou mais cedo, em que as pessoas – e também os políticos – se revelam, Pedro Passos Coelho e a sua prole mostraram de um só jorro, a matéria ideológica de que são feitos. Porque nunca andando escondidos, o que esta tentativa de Revisão Constitucional, que todos sabem ser impossível de aprovação faz é simplesmente uma coisa: apresentar o PSD de Passos Coelho ao eleitor. Desde o primeiro Congresso do PSD onde Passos Coelho emergiu do figurino, projectando-se desde logo, como claro seguidor de uma coisa ultraliberalista e de concertação social duvidosa, ficaram poucas dúvidas sobre o PSD que os PSD’s queriam para a menage da casa. Primeiro experimentaram alguém que fosse do PSD de sempre, da orientação costumeira, leia-se Cavaquista, e que tantos seguidores – ou devo dizer saudosistas? – elegeram: Manuela Ferreira Leite. Depois, e esgotados os pruridos, abriam-se áleas laranjas e deram-se alvíssaras aos chacais. Dentro deles, escolheram o mais hábil, porque numa coisa Passos Coelho é como poucos dos que eu já vi na política: sabe e exprime sem pudor, exactamente o que quer. E vende tão bem a sua imagem, mais do que qualquer outra coisa, como Sócrates, qual pãozinho quente.
Porquê Filosofia: negar e desconstruir
É nestes últimos e longos tempos que a errónea, e até estulta pergunta, alimenta não os espíritos dos homens, mas uma suposta coerência baseada na simples sobrevivência animal do Homem. Para quê a Filosofia? Filosofemos então um pouco sobre a matéria, partindo de uma fonte transparente como é a epistemologia. Filosofia, amor ao saber, tem por isto e sucintamente por isto ademais de outros motivos, a Verdade como génese. Daí, é a única matéria que é sempre verdade. Se não vejamos; o que nos interessa o saber falso? A resposta é inequívoca se a abordarmos com seriedade. Em rigor e coerência para connosco mesmos, só o saber verdadeiro nos interessa. Por silogismo, se só a verdade interessa, e estamos perante um saber falso, esse saber não interessa. Ora, é pela imediata oposição que a Filosofia me parece, desde que o meu entendimento me permite raciocinar e o meu conhecimento pensar, a única matéria sempre verdadeira. Saber a verdade. Daí a necessidade verdadeiramente humana de filosofar.
Não desprezando que nullus locus sine Genio, em Ciência, nunca saímos da linguagem e da matéria científica, mesmo que falsa, se à luz do conhecimento actual esse saber falso preenche todos os requisitos científicos de uma época. Na Matemática por exemplo, podemos fazer álgebra ou análise sobre o falso, desde que o cálculo não esteja errado, e isso depende das técnicas de cálculo contemporâneas. Na Política, podemos discorrer sobre o falso, desde que a premissa – ideologia, entendimento empírico, preconceito, etc – não sejam violados que ainda assim, estamos a fazer politica correctamente. No Direito, é por demais evidente que ainda que dotados da mais plena boa-fé e crença num qualquer sistema jurídico, a verdade não está presente se uma qualquer lei desse sistema não fraternizar com a verdade. Mais, qualquer que seja o intuito justo do Direito, ele esbarra numa acepção de Justiça que em nada garante ser a Verdade. Na Economia, os modelos estão assentes em suposições que julgamos válidas por adequação e facilidade, mas Economia como cuidar da casa, verdadeira origem do termo grego, é uma ferramenta de prosperidade cuja verificação empírica na evolução das sociedades se observa ser ziguezagueante. Nas artes, a discussão do belo e do estético não tem fim, que é como quem diz, o artista é o prosélito de uma vanguarda ou tendência que julga com fervor ser a verdade, sem mais. Na Teologia, seja ela de qualquer jaez, a sua aplicação recai sobre Igrejas, sistemas filosóficos que têm no dogma a sua fundação e desse modo, a sua anti-filosofia. Em contraponto, só se filosofa sobre a verdade pois o genius loci da Filosofia é a Verdade. Não porque este acto seja provido de qualquer deferimento divino, mas porque, ex vi termini, tudo o que é falso ao entendimento filosófico está fora do entendimento filosófico. E isto é um conceito muito estrito, pois se tivermos em conta as ferramentas da Filosofia, como a Lógica, nesta há claramente e de novo, espaço para o falso. Tal como na Matemática, não caminhamos fora da Lógica ainda que no erro, desde que não violemos os preceitos lógicos. Não havendo sofisma, o falso é lógico.
Termino esta elucubração esclarecendo que tudo isto só pode ser suportado pela consideração de que a verdade não é una. Difere de alma para alma, e por isso, Tales de Mileto, Kant ou um qualquer contemporâneo nosso, ao filosofar, chegam à verdade, à sua, individual e intransmissível, porque pensar é ser Homem e ser Homem é a Verdade do Homem; pelo menos ao que julgo. Qualquer sistema filosófico é uma explanação que chega à verdade daquele que a pensou. Todos os outros podem ficar insatisfeitos, ainda que na generalidade se reconheçam e perfilhem do entendimento provido pelo sistema criado, mas não há dúvida que o sistema responde a uma necessidade individual de saber de quem ergueu o sistema. Deste modo, mesmo que aquilo que saibamos agora seja mais vasto e até contrário àquilo que se sabia na Atenas de Péricles, a verdade é individual mas o conceito tem a eternidade passada e futura da humanidade estendida em toda a sua cronologia.
Por tudo isto, a pergunta iniciática desta reflexão consiste, a meu ver, no evitar do verdade, no deixar de procurar, e longa manus dessa postura, na negação e desconstrução do Homem.