O desafio político de 2010

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Nas palavras do Presidente da República, o grande desafio político de 2010 é a convergência no Orçamento de Estado. Ainda que eu acredite que venhamos a ter um acordo de compromisso, não posso ser confiante ao ponto de considerar possível um alinhamento de intenções. Tristemente, trata-se daquilo que era, na realidade, essencial para um desenvolvimento de um caminho que se quer estratégico ao invés do flexuoso destino que as nossas contas públicas, e o seu estado cavernoso, nos impelem.

O PS, que tem mantido uma propositada dialéctica torpe, já veio incitar ao esmagamento das intenções minoritárias, que somadas, são maioritárias. A única asserção válida deste sofisma é que uma coligação da oposição é, pela sua morfologia ideológica, impossível excepto se conter o único propósito de bloqueio institucional.

O PSD tem um dilema político que pelo andar da
charrette, terá de por cavalos e barões em sentido. A questão é, a liderança e o país ou o país e a liderança. O PSD, à muito longe das lides mais desejadas, vive este dilema na fissura da terra que abre a seus pés, e aos do país. Tudo isto, e um destrutivo sistema de directas (assunto tão interessante que talvez lá irei noutro momento).

O PCP e o BE, no seu autismo atento de quem lhe convém ser assim, são cartas fora do baralho. Pelo menos para o que quer que seja, nesta circunstancia difícil, sério.

O CDS foi o partido que se adiantou às palavras do PR, pedindo já há duas semanas que se encetassem negociações com vista à aprovação em Março do OE. Parecesse-me o caminho correcto, ainda que incipiente caso seja um compromisso unilateral. É que como já defendi anteriormente, e estando o PS tão vincadamente na deriva da esquerda moderna das revoluções murchas, uma relação PS-CDS para além de imprecisa, não era suficiente; não teria o peso necessário para caminhar junta toda uma legislatura, e em última instância, era um risco eleitoral para estes dois partidos.

Assim, para que cada Português não nasça a dever 17000€, o estado terá de levar as contas públicas não para um nível saudável, mas para um nível de sanidade deficitária de 3%. Isto implica que o Estado gaste com cada um de nós, menos 1000€ por ano. Um esforço tão brutal só é possível com o milagre mais sinistro, um compromisso governativo abrangente e sério. Um milagre cidadãos despesistas! Um milagre em terras de Portugal, porque não? Afinal de contas, são sempre rosas Senhor.

2 horizontes dispersos:

Rodrigo Escapa disse...

Eh pah começas e acabas o ano praticamente a falar do Santana. Há mais alguma coisa que devamos saber?

Pedro Carvalho disse...

Para além de não haver, da minha parte, endeusamentos políticos, e consequentemente também não haver crucificados, não me parece nefasto falar do Santana quando ele mexe, para o bem ou para o mal. Porque na verdade, sempre estamos aqui a "bloggar" para dizer de nossa justiça. O Santana tinha razão naquilo das cheias... E também tem razão na questão do Congresso, que aliás nem sequer falei aqui ainda, mas para o qual também vai o meu elogio.

É como te digo, estou aqui sem preconceitos, mesmo para opinar favoravelmente sobre um primeiro-ministro tão mau como ele foi.