Rasgar a Política de Verdade

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No final da semana passada, alguns jornalistas confrontaram Manuela Ferreira Leite com algumas supostas incoerências. Em particular, a SIC, gravou e apresentou declarações de Ferreira Leite contraditórias; as actuais onde Ferreira Leite diz que não quer rasgar nada, e as anteriores onde Ferreira Leite promete rasgar todas as políticas económicas e sociais do actual governo. Ao que parece, Ferreira Leite voltou-se a exprimir mal, desculpa usada de forma avulsa, sempre que Ferreira Leite se sente traída, por si própria, entenda-se. Dar-se-á mesmo o caso de se poder fazer o retrato robô de dois políticos; o da Manuela de rigor, de transparência, telefonista, verdadeira D.Quixote com o seu fiel escudeiro Sancho (Paulo Rangel) Pança, chocada com as ludibriantes palavras de Sócrates e alternativa de verdade para Portugal (tanto que até rasga com a actualidade); e depois a Ferreira Leite dos lapsos lingue, a que de rigor tem os 7% de Défice, a que de transparência tem a venda do património para ocultação contabilística, uma figura de todos os últimos governos PSD, a Sancho Pança de um Quixote em tempos Cavaco Silva, e a enganadora que se revela quando se engana e quando se enfurece.

Já esteve sozinha, que isto dos partidos políticos é o Diabo! Já não está. Muitos dos que à muito excomungaram Sócrates, comungam “à bruta” com Ferreira Leite. Gravitam em torno dela, aspirantes que têm passado político, ainda que alguns deles nem possam mais gravitar (Dias Loureiro). Vai aquecendo motores e acalentando esperanças, Morais Sarmento, Miguel Frasquilho ou Aguiar Branco por exemplo, lutam por uma pole position, e assim se vai fazendo um partido… igual aos outros.

Sim porque isto da diferença é paleio! Ora reparem lá na Ferreira Leite abatida do ante Europeias e a Ferreira Leite convicta e abrupta do pós europeias. Já cheira a poder, qual afrodisíaco… Anda revigorada e sai-lhe pelos entrefolhos verdades que ela heroicamente esconde até às eleições. Foi no meio de toda esse destempero proporcionado pelo cheiro do poder que Ferreira Leite se revelou novamente. Afinal não disse o que disse; ou esperem, disse mas as palavras que diz não têm significado à letra; ou esperem, o que ela queria dizer não era que ia rasgar mas que ia fazer o que PS anuncia sem fazer; ou esperem, rasgou a Política de Verdade.

1 horizontes dispersos:

João Gante disse...

Engulo e concordo, cada vez fico mais desiludido com o comportamento de Ferreira Leite. Atribuo este tipo de comportamento mais à cabeça quente de Ferreira Leite do que propriamente a uma qualquer intenção de enganar, mas isso não é desculpa. Como não o é que este governo também faça uso de receitas extraordinárias e negócios obscuros.

Sinceramente, já nada serve de desculpa a ninguém. Eu não procuro um candidato perfeito, mas assim é cinzento a mais. Eu também tenho os meus momentos de frases irreflectidas, mas não me quero mudar para S.Bento.