Para pedir desculpa aos netos

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The #1 Selling Vehicle Manufacturer in the World for 76 Consecutive Years.


A General Motors abriu hoje falência. No final do prazo estipulado pela administração Obama para efectuar as garantir bancárias. A história da GM não acaba aqui. Poderia acabar, se o modelo que tão bem assentou à GM durante todos estes anos perdurasse. Na verdade, o liberalismo, ou o neoliberalismo, porque há sempre um prazer sórdido do Homem em repetir, até os tristes fados da História, aconselharia a uma extinção, tão própria das falências. Mas Obama achou que não, que o Estado deveria fazer o resgate desta empresa com 30 mil milhões do erário público. Sim, 30 mil milhões. Em troca, os contribuintes ficam com 60% da GM. O mesmo é dizer que se tratou de uma nacionalização, mas à americana, uma não-nacionalização.

Para além do facto histórico, alguns traços são representativos e infelizmente reveladores. Esta "nacionalização" não é uma prova da queda do Neoliberalismo, é antes de mais, uma inversão de papéis. O Estado suporta o Neoliberalismo. Ampliou ao máximo os seus príncipios num ânsia de prosperidade e crescimento que indubitavelmente mais nenhum modelo consegue. Ampliou uma ideologia que é contra o Estado. O "pai" criou, e mais do que isso alimentou, um filho que renega o pai. Agora, o Estado vê-se fraco, tão débil que é escravo do neoliberlismo. O ponto cimeiro desta relação esclavagista é este facto. Aquando da queda de um monstro económico privado, o Estado mais não consegue fazer, que amparar a queda.

Sobre o tempo corre o tempo, e aqui e ali homens deixam marcas, que mais não são que tempo que passou ou há-de passar. Por isso, daqui a uns anos, a GM será o expoente da boa gestão e da prosperidade e óbviamente será privatizada por aqueles que acham que o Estado só atrapalha e limita possibilidades. O filho emancipa-se de novo, quase numa ingratidão que mais não é que, por e simplesmente, ser uma doutrina de pura e livre iniciativa canibal.

Eu entendo que ao Estado só lhe restasse salvar a GM. A bem da riqueza nacional, do emprego e da estabilidade económica. A grande questão é que estas iniciativas correctoras não mudam nada! São apenas o triunfo da Neoliberalismo. Um modelo que brilha nos seus expoentes, e associa-se ao Estado nas suas calamidades. Os contribuintes são fiadores, casaram-se com o risco, mas não com o lucro. No fundo, o que me choca, é que enquanto a via simbiótica entre Estado e privados, tão subjacente à doutrina Social-Democrata é esquecida, a doutrina parasitária do Neoliberalismo é seguida. As grandes cabeças desses magnânimos ântrios de decisão política, procuram salvar o modelo que nos trouxe aqui, nunca corrigi-lo, moderá-lo ou transformá-lo. Nesse salvamento endividam-se: não há país que não tenha visto a sua dívida pública ultrapassar o vermelho, com prejuízo de todas as políticas sociais que se poderiam obter. Mais pernicioso ainda é se observarmos o carácter cíclico das crises, até porque numa futura grande depressão, nada nos garante que os Estados estejam capazes de voltar a expandir a dívida pública. Se não o puderem fazer, será o colapso do aparelho produtivo, pois nesse momento não haverá possibilidade nem de salvamento, nem de tomar um outro caminho. A fome e a miséria irão graçar por toda a sociedade.

Na crisa bancária Sueca dos anos 90, o Estado actuou desse tal modo que preconizo. Deu um ano aos bancos em insolvência para, por meios privados, corrigirem os seus rácios de solvência. Caso estes não fossem corrigidos, o Estado nacionalizava. Apenas um banco foi nacionalizado, pois todos os outros, ajustando-se e passando a ter uma postura mais cautelosa, e porque não dizer mais responsável, sobreviveram através do manancial privado. Hoje em dia, o sistema bancário Sueco vive com uma serenidade invejável, fruto dessa reestruturação de Centro Esquerda.

Por tudo isto, a falência da GM não é o fim da GM. É só o fim da janela de oportunidade que separava a nova via, da via actual.

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