A sombra do que fomos

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"...em Espanha era a história dos donos de bares e cafés, uma coisa que Marx e Engels se esqueceram, o que faz deles dois filósofos suspeitos de abstémia."

"O Lolo proibiu-me de trazer vinho mas eu mandei-o à merda, que é o que se deve fazer nestes casos..."

"Se a vida teve um guionista, este devia ter determinado que os encontros ocorressem sem mudanças perceptíveis, para que assim, como diz o poeta Juan Gelman, os anos envelheçam comigo..."

"Os que voltavam do exílio andavam desorientados, a cidade não era a mesma, procuravam os seus bares e encontravam lojas dos chineses, na farmácia da sua infância havia um bar de topless, a velha escola era agora um concessionário de automóveis, o cinema do bairro uma igreja dos irmãos pentecostais. Sem os avisarem, tinham-lhes mudado o país."

"Do ponto de vista da razão pura, emocionalmente estou como poleiro de galinheiro: cagado."

"Não vale a pena debruçar-me sobre o abismo para além da vertigem."

"...queriam aprender a lutar para ser livres, tal como fará toda essa gente que se arrisca para que Allende ganhe."

Frases do livro A sombra do que fomos de Luis Sepúlveda

Livro chileno, de um chileno para o mundo, como que uma introdução aos costumes do país de Allende e Pinochet. Um romance num registo cómico-nostálgico, sobre antigos comunistas e socialistas de várias frentes, órfãos de referências no Chile de hoje. Neste campo, um guião sobre a segunda metade do século XX chileno, convulsionado por grandes movimentos ideológicos como é sabido. Com uma escrita criativa e ardilosa, conseguimos gostar da história, mas mais por lhe acharmos piada do que propriamente pelo enredo ou profundidade. Interessante para quem se interessa por política, e ainda que nenhum livro seja dispensável, não o senti como uma grande obra. Ainda assim, foi considerado por alguns críticos, um dos romances de 2009 ganhando até o Prémio Primavera. Quem gosta de literatura da América Latina, ou da picardia política com graça, gostará.

3 horizontes dispersos:

Rodrigo Cordeiro Escapa disse...

"O Lolo proibiu-me de trazer vinho mas eu mandei-o à merda, que é o que se deve fazer nestes casos..."

Ainda não sei quem é o Lolo, mas para além do nome não me inspirar confiança, pelo maus conselhos que pelos vistos dá, também o mando à merda.

Pedro Carvalho disse...

É melhor é... O lolo é uma personagem a puxar po secundária no livro.

Rodrigo Cordeiro Escapa disse...

Pois eu logo vi... quis chamar a atenção e saltar para a ribalta foi o que foi. Complexo de inferioridade, é o que lhe chamam :P