"(...) como se a morte fosse uma aventura própria apenas de Ivan Ilitch, mas completamente aleia a ele próprio."
"Ivan Ilitch nunca abusava do seu poder; pelo contrário, procurava suavizar a expressão desse poder; mas a consciência desse poder, a possibilidade de suavizá-lo constituíam para ele o principal interesse e atractivo do seu novo cargo."
"E Ivan Ilicth adoptou essa atitude em relação à vida de casado. Exigia da vida familiar apenas os confortos - o jantar, a esposa em casa, a cama - que ela lhe podia dar, e principalmente, uma decência exterior, determinada pela opinião pública."
"Tendo chegado à conclusão que o marido tinha um carácter horrível e fazia a infelicidade da sua vida, passou a ter pena de si mesma. E quanto mais pena tinha de si mesma, mais odiava o marido. Começou a desejar que ele morresse, mas isso era uma coisa que não poderia desejar porque nesse caso não haveria ordenado. (...) Considerava-se horrivelmente infeliz por essa mesma razão de que nem mesmo a morte dele a poderia salvar, irritava-se e ocultava a sua irritação, e essa oculta irritação dela aumentava a irritação dele."
"Aquilo que mais o atormentava era a mentira, aquela mentira que por qualquer razão era aceite por todos, segundo a qual ele estava apenas doente e não estava a morrer..."
"O que mais atormentava Ivan Ilitch era que ninguém tivesse pena dele como ele queria que tivessem..."
"Chorou pelo seu desamparo, pela sua horrível solidão, pela crueldade dos homens, pela crueldade de Deus, pela ausência de Deus."
Frases de "A morte de Ivan Ilitch de Lev Tolstoi
Pequeno livro sobre a morte que nos deixa reflexões sobre a negação da morte. Estabelece-se um monólogo interior, muito interessante, sobre as negociações que um homem faz consigo próprio, as ilusões que têm para com a sua doença. No fundo, Ivan Ilitch vai falando com a sua dor física, vai negociando com ela a sua vida, vai ganhando esperança enquanto ela se desvanece, e vai caindo em desepero cada vez que ela volta. Um curto relato de morte de um homem que quer viver, e que no leito final, percebe a substância essencial da vida. Daí se tratar de um livro, tanto sobre a morte, como sobre a negação da morte. Como se lê numa tarde, não se tornando opressivo, por mais opressiva que seja a atmosfera criado no livro, é de fácil, e quanto a mim recomendável leitura, sobretudo para os curiosos da relação homem-morte, ou se preferirem, a presença de morte na nossa vida, o horizonte da nossa morte, e os monólogos de consciência que fazemos quando a temos presente.
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