"(...) uma coisa onde nunca me vi, foi na vida - e diga-me se na realidade nos encontramos nela?"
"(...) sou um isolado que conhece meio mundo, um desclassificado que não tem uma dívida, uma nódoa - que todos consideram e que entretanto em parte alguma é admitido."
"Porque afinal essa vida (...) é a única que eu amo. Simplesmente não a posso existir..."
"A minha ânsia convertera-se em achar na sua carne uma mordedura, uma escoriação de amor, qualquer rastro de outro amante..."
"Não, não me enganara outrora, ao pensar que nada me angustiaria por a minha amante se entregar a outros homens."
"Esquecer é não ter sido."
"Eu não soube nunca desculpar uma falta de orgulho."
Excertos de A confissão de Lúcio de Mário de Sá-Carneiro
Uma das novelas mais importantes de Mário de Sá-Carneiro, este livro conta-nos a confissão de um condenado por um crime não praticado: Lúcio. A história está escrita com a tradicional coquetterie literária que, um pouco por todos os escritores portugueses que estiveram em França, está presente. Este aspecto é reforçado pelos dois pólos espaciais presentes: a luminosa Paris e a boçal e esconsa Lisboa. A história em si comporta aspectos relativos ao mundo do fantástico, especialmente na personagem de Marta, talvez apenas um fantasma carnal, criado para relacionar Lúcio e o seu amigo Ricardo. Note-se que o crime de Lúcio é ter morto Ricardo, algo que não fez, tendo Marta se evolado no espaço assim que Ricardo morre. Este facto comporta a inverosimilhança da sua defesa, o que o leva a ser, de facto, preso.
Como curiosidade, é neste livro que se inicia a temática da homossexualidade na literatura portuguesa. Esta é espiritual, ou aparece presente em gestos simbólicos, conquanto os actos carnais são intermediados por Marta. Com descrições luxuriantes e o rigor vocabular típico da geração da vanguarda, Sá-Carneiro debruça-se sobre os seus temas preferidos: o suicídio(na figura de Ricardo), a perversão (no carácter dissimulado da homossexualidade presente e na despenalização do adultério) e a loucura. Pessoalmente, do pouco que conheço do escritor, achei que Sá-Carneiro se tentou biografar em Lúcio, que era escritor, que destruiu a sua obra e que ainda que não morrendo se considera morto. Note-se que Sá-Carneiro também viveu em Paris, escreveu apenas mais uma novela depois desta, e que se suicidou.
"(...) sou um isolado que conhece meio mundo, um desclassificado que não tem uma dívida, uma nódoa - que todos consideram e que entretanto em parte alguma é admitido."
"Porque afinal essa vida (...) é a única que eu amo. Simplesmente não a posso existir..."
"A minha ânsia convertera-se em achar na sua carne uma mordedura, uma escoriação de amor, qualquer rastro de outro amante..."
"Não, não me enganara outrora, ao pensar que nada me angustiaria por a minha amante se entregar a outros homens."
"Esquecer é não ter sido."
"Eu não soube nunca desculpar uma falta de orgulho."
Excertos de A confissão de Lúcio de Mário de Sá-Carneiro
Uma das novelas mais importantes de Mário de Sá-Carneiro, este livro conta-nos a confissão de um condenado por um crime não praticado: Lúcio. A história está escrita com a tradicional coquetterie literária que, um pouco por todos os escritores portugueses que estiveram em França, está presente. Este aspecto é reforçado pelos dois pólos espaciais presentes: a luminosa Paris e a boçal e esconsa Lisboa. A história em si comporta aspectos relativos ao mundo do fantástico, especialmente na personagem de Marta, talvez apenas um fantasma carnal, criado para relacionar Lúcio e o seu amigo Ricardo. Note-se que o crime de Lúcio é ter morto Ricardo, algo que não fez, tendo Marta se evolado no espaço assim que Ricardo morre. Este facto comporta a inverosimilhança da sua defesa, o que o leva a ser, de facto, preso.
Como curiosidade, é neste livro que se inicia a temática da homossexualidade na literatura portuguesa. Esta é espiritual, ou aparece presente em gestos simbólicos, conquanto os actos carnais são intermediados por Marta. Com descrições luxuriantes e o rigor vocabular típico da geração da vanguarda, Sá-Carneiro debruça-se sobre os seus temas preferidos: o suicídio(na figura de Ricardo), a perversão (no carácter dissimulado da homossexualidade presente e na despenalização do adultério) e a loucura. Pessoalmente, do pouco que conheço do escritor, achei que Sá-Carneiro se tentou biografar em Lúcio, que era escritor, que destruiu a sua obra e que ainda que não morrendo se considera morto. Note-se que Sá-Carneiro também viveu em Paris, escreveu apenas mais uma novela depois desta, e que se suicidou.
0 horizontes dispersos:
Enviar um comentário