Europeus, o Tratado é importante

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Não tenhamos dúvidas. O Tratado Europeu, de Lisboa ou de outro qualquer bairro arrabalde Europeu é importante. Para os Europeístas, falta fundar politicamente a Europa, caminhar para a federalismo, no fundo, justapor à rica amálgama política e disparidade cultural complexa, uma estandardização que eles, Europeístas, crêem ser o alicerce que suportará o continente pela modernidade fora. Estão no seu direito.

Assim como eu tenho o direito de achar que não é a figura de Ministro dos Negócios Estrangeiros da Europa, ou a usurpação, que tem sido contínua, da soberania legislativa de cada país, que levará ao bloco europeu coeso. Politicamente, como diz Carrilho, falta fundar a Europa. É, no meu entender, uma questão de identidade, salutar, de chauvinismo francês, de dependência alemã, de cepticismo inglês, de pobreza de espírito latino e de oportunismo da Europa Levante. Em relação ao Tratado de Lisboa, só a agilização do processo legislativo, onde agora o veto é muito mais difícil, poderá ajudar ao funcionamento real da Europa, com todo o perigo da imponderação que isso também poderá encerrar. Portanto, mais competências, mais responsabilidades; e agora vejam quem e que os partidos escolhem para ir para a Europa. Estamos conversados sobre o verdadeiro europeísmo dos Europeístas…

Perguntar-me-ão, porque centrei o foco desta análise no direito à discórdia Europeia. A resposta encontra-se na confrontação inversa, isto é, no dever à concórdia. Eu não quero uma Europa onde todos cumprem Carta dos Direitos Fundamentais, e a contratio sensu decreta-se para a República Checa o não cumprimento da Carta. Ou seja, o Tratado, que humanamente se tinha fundamentado e bem, na Carta, apresenta agora excepções; anuência cabal de que politicamente, não é por decreto que se funda uma Europa unida em valores. Mas há bem mais actos reveladores da falta de escrúpulo legislativo. Não querendo discutir a questão do referendo (isso dava um texto igual a este), não posso aceitar que se repitam referendos até a exaustão, ou depois no parlamento, haja um acordo parlamentar contrário ao sufrágio (França, Holanda e Irlanda). Também não posso ficar descansado com o subsídio, ou deverei dizer suborno, atribuído à Irlanda. E por fim, não quero um tratado de aprovação calendarizada, só para evitar que os Tories cheguem ao poder em Inglaterra antes da aprovação.

O projecto Europeu faz sentido, é desejável, mas alimenta hoje, fruto de uma assimilação de países e valores reductio ad absurdum, uma tarefa de fundação identitária bem mais árdua do que antes. A disparidade e a fraca aceitação pelos países embrionários dos países recém-chegados, leva a que políticos medíocres, com tiques absolutistas, e que apenas se reúnem no triunvirato de Bruxelas, aprovem um tratado onde os cidadãos em raro caso foram ouvidos e/ou esclarecidos. Europeu sim. Mas com seriedade.

2 horizontes dispersos:

João Gante disse...

ESTE projecto Europeu não é desejável. Desta minha opinião os passageiros (em tempo e memória) líderes europes actuais não podem inferir anti-europeísmo. Pelo menos sem revelar uma falta de modéstia atroz, ao não reconhecerem que são gestores e não donos de uma entidade (no sentido maior) que os precede em História e os ultrapassa (à soma de todos eles) em dimensão. Não foi a União Europeia feita para ser à imagem de outra coisa que não a pluralidade que a compõe. Nunca do líder do momento. Aliás, os verdadeiramente bons e europeístas nem o tentam fazer. O seu cunho fica naturalmente marcado.

Pedro Carvalho disse...

Absolutamente...