Ensaio sobre a Lucidez

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O "Ensaio sobre a Lucidez" consiste no ensaio da hipótese de que a população, sem motivo ou razão prévia, vota esmagadoramente em branco, para as eleições municipais da capital. Esta hipótese, que me parece óptima do ponto de vista ensaístico, acaba por ser tenuemente desenvolvida. Daquilo que o livro fala é de todos os estratagemas e maquinações que os governos fazem, ou podem fazer, para dominar, imperando uma letárgica democracia, que mais não é que um regime oligárquico onde ciclicamente, mais do que o direito, as pessoas exercem o dever de votar para legitimar tudo tal como está. A critica está portanto direccionada para todos os partidos, em especial o do governo, e com suficientes alusões à possibilidade da história se passar em Lisboa, até porque a certa altura se diz que a capital tem colinas. Uma coisa é certa, esta história passa-se no país onde todos ficaram cegos em “Ensaio sobre a Cegueira”, de modo que é conveniente a leitura da “Cegueira”, antes da “Lucidez”. Numa, eu diria, segunda metade do livro, trata-se da questão de como o instinto benévolo e justo do indivíduo pode chocar com os desígnios nacionais, ironicamente caricaturados pelo autor. Bom livro, mas na minha opinião inferior ao outro ensaio, até porque explora muito menos a hipótese ensaiada. O estilo e a rez do vocabulário predominantemente usado, mantêm-se inalterados.


Nota: Perguntam Vós, porque é que ele mete isto numa letra tão pequena. Perguntam bem... Teimosias do Blogger...

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