O folião particular

|
Decidiu-se ontem, pelo corte radical, o mais alto funcionário do Estado Português na Região Excessivamente Autónoma da Madeira.
Anunciava, então publicamente, a sua demissão do cargo que ocupa, legítima e democraticamente à trinta anos na região. Anunciava publicamente, já a imprensa o anunciara pela manhã. É que na verdade, esperava-se apenas a publicação em Diário da República do que iria motivar tão arrojada (ou talvez não) decisão. Um corte de 35 Milhões de euros, já este ano, e uma estimativa de corte futuro que ronda os 190 milhões.
Nunca ninguém gosta de “apertos de cinto” mas também nunca ninguém gosta de desigualdades ou posições privilegiadas. Na verdade, o que se passa na Madeira é até uma demonstração de que a zona é desenvolvida e que tem sido feito um trabalho bem conseguido na região. É que o Estado canalizou, e bem, os fundos disponíveis e curtos, para as zonas menos desenvolvidas do país, e por isso, a Madeira sofre um corte racional, e os Açores um aumento de divisas recebidas. Quanto à questão da intensidade do corte, este é um assunto que de forma rigorosa, deve ser analisada por quem de direito, e é de lembrar que esta lei passou por todas as instâncias necessárias, Ministério das Finanças, Conselho de Ministros, Assembleia da República e Presidente da República. Foi promulgada num Estado de Direito, do qual Alberto João Jardim parece ser o “filho estroina”, que critica o pai mas volta a casa quando a mesada termina.
Passando ao facto político em si, esse sim, o facto que deve preocupar menos todos os Madeirenses mas que deve ser motivo de reflexão ao mesmo tempo. Esta demissão, acarreta consigo directa e factualmente eleições antecipadas e aumento do mandato até 2011. Tudo o resto é novela… Promover a ideia de instabilidade é falso, na Madeira fala-se pouco de política, basta observar preocupantemente a reacção tímida e medrosa dos habitantes do Funchal (algo que foi explícito nas entrevista da RTP hoje emitidas). Falar de instabilidade política é absurdo porque a maioria absoluta e esmagadora não vai voltar a fugir a Jardim. Falar de crise institucional é olhar com uma lupa de aumentar, é que reacções desajustadas são frequentes e esta não passa de uma delas. Falar de colonialismo é exagerado e inapropriado, embora a Madeira não sobreviva sem a “Terrível terceira República do Continente”, essa que descolonizou. Quanto a ventos de mudança, são ténues, Alberto João Jardim vai continuar a abusar institucionalmente, vai continuar a fazer tudo de bom e de mau com métodos bons e maus, vai continuar a ser prepotente e entender-se desejoso de uma independência que se sabe agoniante, visto não ser um projecto sustentável.Por fim, vai continuar a não entender que os interesses de uma nação da qual ele é um dos seus mandatários e (em principio) defensores, sobrepõem-se a interesses regionais, em qualquer democracia avançada da Europa.
São conhecidas as suas partidas de Carnaval. Ai Alberto João, sempre o mesmo folião...

0 horizontes dispersos: