Ernâni Lopes foi um político de outro tempo. A sua indiscutível capacidade para, friamente, ser um pessimista respeitado, foi sempre notável. Também, ou talvez por isso, ele foi o Ministro das Finanças certo para a o dossier FMI da década de oitenta. Nos últimos tempos, como sempre, usou do seu pragmatismo catastrofista para prever uma situação que, tão só, muito provavelmente irá acontecer. Não perfilhava das suas particulares opções de contenção de despesa, mas aquele era um homem que tinha lá estado, e que talvez por isso, soubesse os verdadeiros custos de uma chegada do FMI a Portugal. No essencial, preconizava o combate directo à corrupção e ao "chico-espertismo", flagelos da nossa era; e era um convicto defensor da moralização da política. Por esta sua postura e determinação, hoje, como em 1984, lamento que se tenha perdido um homem tão raro.
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