Na devida versão, que é esta com cordas e sem mais, É difícil ganha uma outra amplitude, como se a mesma letra tomasse uma forma muito mais próxima. Ao ouvir o original, até parece que Abrunhosa teve vergonha de escrever tudo isto - como se ele fosse artista para ter vergonha de alguma coisa - colocando-lhe por cima uma música ruidosa, que desbota a letra. Aqui, quase num silêncio de melodia cândida, É difícil é uma coisa simplicíssima, mas do outro mundo. A título pessoal, inúmeras noites tardias são acompanhadas disto. Encosto-me, e fico para ali, na varanda ou dentro de casa. Aquela solidão do silêncio nocturno leva-me para sítios que nunca frequento, sítios que sei, vêem cá de dentro, que são meus. É difícil, e tão pouco quero explicar tal coisa. Fiquem com a letra. Como eu fico sempre, quando começa amanhecer.
Quando todos vão dormir
É mais fácil desistir
Quando a noite está a chegar
É difícil não chorar
Eu não quero ser
A luz que já não sou
Não quero ser primeiro
Sou o tempo que acabou
Eu não quero ser
As lágrimas que vez
Não quero ser primeiro
Sou um barco nas marés
Adormeci, sem te ter a meu lado
Um corpo sem alma, guitarra sem fado
Um sonho na noite e olhei-me ao espelho
Umas mãos de criança num rosto de velho
Quando todos vão dormir
É mais fácil desistir
Quando a noite está a chegar
É difícil não chorar
Eu não quero ser
A luz que já não sou
Não quero ser primeiro
Sou o tempo que acabou
Eu não quero ser
As lágrimas que vez
Não quero ser primeiro
Sou um barco nas marés
Pedro Abrunhosa
Quando todos vão dormir
É mais fácil desistir
Quando a noite está a chegar
É difícil não chorar
Eu não quero ser
A luz que já não sou
Não quero ser primeiro
Sou o tempo que acabou
Eu não quero ser
As lágrimas que vez
Não quero ser primeiro
Sou um barco nas marés
Adormeci, sem te ter a meu lado
Um corpo sem alma, guitarra sem fado
Um sonho na noite e olhei-me ao espelho
Umas mãos de criança num rosto de velho
Quando todos vão dormir
É mais fácil desistir
Quando a noite está a chegar
É difícil não chorar
Eu não quero ser
A luz que já não sou
Não quero ser primeiro
Sou o tempo que acabou
Eu não quero ser
As lágrimas que vez
Não quero ser primeiro
Sou um barco nas marés
Pedro Abrunhosa
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