Já não é mais um sonho, Luther King

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Em Portugal, já madrugada alta, souberam-se os resultados das eleições Presidenciais Norte-Americanas do dia 4 de Novembro de 2008. O dia deve ser realçado, evidentemente. Não porque se tenha encontrado o 44º Presidente da maior potência mundial, mas porque, quer se queira quer não, quer se goste quer não, passou diante de nós uma página da nossa História.

Gostava de iniciar este análise conclusiva do tema das Presidenciais, precisamente pelo ponto mais ligado à História, e à lírica pois então… Os cidadãos dos E.U.A elegeram para seu presidente, um negro, de nome Barack Hussain, sem qualquer ligação a linhagens da alta roda política nacional (Os Bush ou Os Clinton), abandonado desde cedo pelo pai, gerado no seio de uma família monoparental. Esta é a parte fácil da descrição de Obama. Sem me alongar em algo que me parece acessório, até porque não foi isso que foi eleito, parece-me justo reconhecer que a Democracia andou de mão dada com a integração racial e a tolerância naquele dia 4 de Novembro de 2008. Por um dia, não foi um sonho Martin Luther King.

Obama, como candidato Democrata consegue algo que os Democratas não conseguiam desde 1976, elegerem-se com mais de 50% dos votantes. De facto, este facto, aliado à grande participação eleitoral em torno destas eleições, são factores que jogam muito bem com o carisma de Obama. Quer se goste do inteligente e coerente senador do Illinois, quer se goste do carismático político que “nasceu” na Convenção Democrata, quer se goste de ambos, ou de nenhum, Obama ganhou, ganhou bem, e não cometeu erros durante toda a campanha.

A oposição foi brava, é meritório dizê-lo, porque poucos seriam os que se submeteriam ao “Julgamento Popular Bush” com a elegância de Mccain. Apenas incompreensível a escolha de Sarah Pallin, mas essa foi uma escolha Republicana e não de Mccain como é sabido.

Quanto à estratégia pouco há que dizer. Os Democratas distribuíram os quase ilimitados fundos que dispunham de forma a ter várias frentes bem posicionadas. Se a costa Ocidental e o Nordeste do país são tradicionalmente Democratas, as vitórias no Colorado (Swing State) e sobretudo na Pensilvânia que vale 21 delegados e onde os Republicanos investiram forte têm muito de estratégico. A vitória foi carimbada num dos estados mais badalados, o Ohio, onde quer nas Primárias Democratas, quer nas Presidenciais, desempenhou um papel chave.

Como marcos simbólicos, destaco a Virgínia Democrata, 44 anos depois. Este estado, de antigos traços esclavagistas, elege um Democrata negro. Possivelmente, um dos maiores casos de estudo, e de orgulho para a Obama. A Florida, estado de 27 Delegados, sulista, perdido desde que Clinton saiu da Casa Branca, voltou a mãos Democratas. Obrigado Obama.

Tanta vitória, esperada e inesperada, levou a altas cogitações naquela noite. O Senado que já era Democrata podia tornar-se tão Democrata ao ponto dos Republicanos perderem a capacidade de entrave de qualquer política de Obama. Uma espécie de “Maioria Absoluta” que consagraria como retumbante a vitória, e daria muito jeito à nova administração. Contudo, o estado da Georgia não caiu, como não era previsível que caísse, e os Democratas não chegaram aos 60 Senadores.

Posto tudo isto, muito se fala do Presidente Obama. Para ser sincero, ninguém o poderá saber tão cedo. Apraz-me ideias como a nova condução da Guerra no Iraque, as novas relações externas e a política ambiental. Aos americanos, deverá agradar as prometidas alterações do sistema social e de saúde. Para já conta apenas o símbolo. A seu tempo a aplicação destas políticas. Estar ansioso não será pecado.

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