O horizonte da alma VIII

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Aproxima-se um período de ocupação que me é pessoalmente sombrio. Sinto alguma culpa de me sentir tão ocupado, embora que seja vaga e vã a presença da ocupação no meu espírito. Talvez não esteja sentindo que está valendo a pena. As escolhas foram vãs, nunca estouvadas, mas certo está que não foram vernáculas. Ando-me fugindo… No fundo, não encontro utilidade nos motivos da minha apressada e essencialmente estudantil cárcere. Fecho a porta, e é temporário, estou certo disso, tão certo como da incerteza que de certo me percorre, neste estado de espírito em que faço a minha diáspora. É Domingo e não só… É dia de viragem entre aquele que sou, e o que tão prudentemente escolhi ser, a ponto de me ter tornado uma escolha imprudente.

Pensilvânia, o que falta, dólares e futuro

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A vitória na Pensilvânia por parte de Hillary Clinton foi apenas uma confirmação do que já era previsível. Estado de tecido social semelhante ao Ohio, mergulhado numa indústria desbaratada e quinto maior do circuito eleitoral Democrata, era um importantíssimo bastião da Senadora Clinton, para esta manter as suas aspirações e tentar reverter um processo onde já vários influentes analistas acenavam com a desistência a favor de Obama.

O impasse poderia ter ficado resolvido ontem, caso Obama conseguisse reduzir a diferença para cerca de 5 pontos percentuais, e desta forma, perdendo por margem tangencial, assegurasse a manutenção de uma vantagem que, com Carolina do Norte praticamente decidida a favor de Obama, o conduzisse à eleição como candidato Democrata. Obama perdeu por 10 pontos (55% Clinton / 45% Obama), e nem Clinton se alargou nos dois dígitos como necessitava, nem Obama deu o golpe de misericórdia. As primárias Democratas vão mesmo ser decididas pelos Super Delegados, agora que matematicamente é impossível a ambos os candidatos alcançar os 2025 delegados necessários para ganhar a eleição Democrata em plena convenção do partido, em finais de Agosto.

Enquanto isto, o tempo corre a favor do Partido Republicano, já a trabalhar em exclusivo para as Presidenciais de Novembro enquanto que a disputa Democrata terá o seu epílogo eleitoral apenas a 3 de Junho com Montana e Dakota do Sul e a sua convenção será em pleno Verão. Este desgaste tem levado analistas a entender a desistência de Hillary como a melhor solução para o partido, e os Super Delegados, decisivos nesta eleição, parecem alterar o seu pendor inicial que seria Clinton, e virar-se para a surpresa Obama, até porque os dólares não mentem, e Obama está neste momento bem mais confortável financeiramente, com mais apoio e a gastar o dobro como na Pensilvânia em campanha. Já Hillary, recuperou do seu saldo negativo de onde tinha 10,3 milhões de dívida e 9,5 de cash, apoiada por mais uma injecção de 3 milhões após esta nova vitória.

Com esta situação eleitoral (cerca de 200 delegados de vantagem para Obama), os Super Delegados irão revelar-se decisivos, e na forma mais americana possível, Super Delegados pensam em super apoios, por isso Obama com perto de 235 milhões de dólares é o candidato visto como mais bem dotado para fazer frente a John McCain.

Os discursos tem sido mais brandos ultimamente, a ponto de Obama discursar “para fora” criticando McCain e Clinton não ter sido dura e acutilante nas críticas a Obama no rescaldo da vitória na Pensilvânia. Sendo assim, as críticas à política externa, saúde e segurança social, bem como a “crítica de recurso ao histórico” de posturas passadas dos dois senadores tem arrefecido. Desta forma, o pendor político está estacionado mais uma vez no dinheiro, especialmente na sua forma mais perniciosa, os apoios pré-eleitorais.

Para que a Bush (já considerado Presidente Norte-Americano mais impopular) não suceda outro Republicano, os Democratas têm Indiana (estado eleitoralmente parecido a Pensilvânia), Carolina do Norte, Dakota do Sul e Montana para decidir. Juntam-se a eles os Super Delegados, milhões de dólares, e esperemos, algum bom senso.

O horizonte da alma VII

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Não quero partir.
Não quero ter na partida o meu Destino.
Nem quero que o meu destino seja partir.
Não quero chegar ao meu destino,
Não quero apanhar esse comboio,
Esse, que há-de ser ir embora.

Leva-me do cais para longe de mim,

Esconde-me da minha sorte,
Amarra o Destino com um abraço firme.
Solta-me no embalo de ver segurança nos teus olhos,
Que eu me embalarei junto de ti sem desconfiança,
Não fosse essa minha vontade.


Pedro Carvalho 21/04/08

Burt Glinn - A fotografia da Guerra Fria

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Burt Glinn morreu hoje, a sua obra é um retrato sensível de décadas de convulsões políticas que ajudaram a definir as sombras e os contrastes das suas fotos.

"I think that what you've got to do is discover the essential truth of the situation, and have a point of view about it."

Certo está o Cocktail na dose certa

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Um pouco de vida,
Uma porção de desgaste.
Peço-vos isso.
Preciso de delapidar um pouco de vida.

Como se a liberdade fosse um consumível,
Fácil, e excessivamente disposto diante de mim.

Vou há procura de equilíbrio.
Preciso de desequilíbrio para ser sustentável!
O excesso há de ser um dom humano!

Certo está o Cocktail que me queiras servir,
Se me sentir servido na dose certa, pois então…

Dêem-me a liberdade toda!
Dêem-me o desequilíbrio todo!
Preparem-me Cocktail.


Pedro Carvalho

O horizonte da alma VI

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O horizonte da alma tem a serenidade própria de quem espera.

É preciso saber-se esperar, para que se possa ter a pose de quem espera sem a angústia que vence a ilusão, no fundo sem o medo da desilusão alimentada na esperança.

Serenidade, por quem te perdes?