São já muitos os dias de silêncio

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Estou por Lisboa e então...

Silencio é o rio que esconde
O odor de um prédio enegrecido,
O asfalto que me assalta quando paro,
Assomado por um corpo ja vencido.
Silencio sao as luzes que se apagam
Pela noite, na aurora ja despida,
E os homens e mulheres que na esquina
Trocam prazeres, virtudes, talvez Sida.
Silencio é o branco do papel
E o negro palido da mao,
É a sombra que se esvai feita poema,
Num grafitti que é gazela ou leao.
Silencio sao as escadas do metro
Onde poetas se mascaram de videntes,
Silencio é o crack que circula
Entre as ruas eleitas confidentes.


Eis uma estrofe de “Silêncio” de Pedro Abrunhosa.

Para todos os dias em que não se escreve, não se diz, não se recita.
Ouve-se e medita-se.
Que disso não restem dúvidas.

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