Eleições legislativas na Áustria: Espelho e outras preocupações

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Decorreram no passado Domingo as eleições na Áustria. Em primeiro lugar, a minha natural saudação ao SPO, o partido Social-Democrata Austríaco (por sinal um dos mais antigos do mundo com data de fundação de 1888) foi o vencedor, confirmando uma tendência de governação à Esquerda naquela República.

Esta vitória representa a subsistência de um partido, que já era governo, no poder. E com a perda em votação e número de deputados, cenário inevitável a qualquer governo em fim de legislatura a breve trecho, deve-se enaltecer a estabilidade política que os Sociais-democratas conseguiram impor com esta tangencial vitória.

Mas a leitura dos números diz-nos mais duas coisas que dão que pensar, quer pela preocupação do facto, quer pela semelhança com os resultados previsíveis das eleições legislativas em Portugal do próximo ano. Em primeiro lugar, os Democratas-Cristãos, como principal partido da oposição, tiveram também uma quebra de votantes, e em segundo lugar, os dois partidos de Extrema-direita (facção sempre muito representativa na Áustria) que têm valores conjuntos que ultrapassam sempre o primeiro dígito, alcançaram mais de 20% do eleitorado.

Dos resultados extrai-se que em resposta à crise, o partido do governo, como seria de esperar é castigado, mantendo ainda assim a maioria relativa. O maior partido da oposição não é encarado como oposição, e os extremos mais em foco avolumam votantes. Transpondo para a realidade portuguesa, nada de mais semelhante espero que aconteça em 2009. O PS deverá ganhar, ficando longe da maioria absoluta de à quatro anos. Mais acrescento que o fenómeno da passagem de votantes não se deverá dar para o PSD mas para o extremismo em foco em Portugal, não o de Direita como na Áustria, mas sim o do Esquerda, com BE a passar a quarta, ou até mesmo terceira força política da legislatura vindoura. Já não se trata de futurismo, infelizmente.

Termino este, até agora relato de política internacional, para comentar os resultados dos Nacionalistas Austríacos. Na verdade, a Extrema-direita com os seus resultados mais elevados desde a II Guerra Mundial, relança definitivamente a questão do seu peso na sociedade Austríaca. Sem fatalismos, até porque se trata de Democracia num país de alta civilização, a tendência é nefasta e avoluma as legítimas preocupações de quem não encarou com bons olhos o congresso dos Neo-Nazis na Alemanha. A proporção das crises turva a benignidade da espécie humana, ou então clarifica a sua índole egoísta, egocêntrica e se me permitem brutal, e infelizmente da brutalidade já rezou a História.

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