As minhas aventuras em Madrid contam-se por intermédio de um jovem português, talentoso blogger, que aqui conheci. O acaso juntou sete portugueses em Getafe, junto da Universidade, e as vivências na língua de Camões já dão que falar.
Sem que ele me tenha dito, iniciou um blog que posteriormente acabei por descobrir. Aos que me conhecem, vale mesmo a pena este convite:
http://www.getafeenalquiler.blogspot.com/
Eleições legislativas na Áustria: Espelho e outras preocupações
Decorreram no passado Domingo as eleições na Áustria. Em primeiro lugar, a minha natural saudação ao SPO, o partido Social-Democrata Austríaco (por sinal um dos mais antigos do mundo com data de fundação de 1888) foi o vencedor, confirmando uma tendência de governação à Esquerda naquela República.
Esta vitória representa a subsistência de um partido, que já era governo, no poder. E com a perda em votação e número de deputados, cenário inevitável a qualquer governo em fim de legislatura a breve trecho, deve-se enaltecer a estabilidade política que os Sociais-democratas conseguiram impor com esta tangencial vitória.
Mas a leitura dos números diz-nos mais duas coisas que dão que pensar, quer pela preocupação do facto, quer pela semelhança com os resultados previsíveis das eleições legislativas em Portugal do próximo ano. Em primeiro lugar, os Democratas-Cristãos, como principal partido da oposição, tiveram também uma quebra de votantes, e em segundo lugar, os dois partidos de Extrema-direita (facção sempre muito representativa na Áustria) que têm valores conjuntos que ultrapassam sempre o primeiro dígito, alcançaram mais de 20% do eleitorado.
Dos resultados extrai-se que em resposta à crise, o partido do governo, como seria de esperar é castigado, mantendo ainda assim a maioria relativa. O maior partido da oposição não é encarado como oposição, e os extremos mais em foco avolumam votantes. Transpondo para a realidade portuguesa, nada de mais semelhante espero que aconteça em 2009. O PS deverá ganhar, ficando longe da maioria absoluta de à quatro anos. Mais acrescento que o fenómeno da passagem de votantes não se deverá dar para o PSD mas para o extremismo em foco em Portugal, não o de Direita como na Áustria, mas sim o do Esquerda, com BE a passar a quarta, ou até mesmo terceira força política da legislatura vindoura. Já não se trata de futurismo, infelizmente.
Termino este, até agora relato de política internacional, para comentar os resultados dos Nacionalistas Austríacos. Na verdade, a Extrema-direita com os seus resultados mais elevados desde a II Guerra Mundial, relança definitivamente a questão do seu peso na sociedade Austríaca. Sem fatalismos, até porque se trata de Democracia num país de alta civilização, a tendência é nefasta e avoluma as legítimas preocupações de quem não encarou com bons olhos o congresso dos Neo-Nazis na Alemanha. A proporção das crises turva a benignidade da espécie humana, ou então clarifica a sua índole egoísta, egocêntrica e se me permitem brutal, e infelizmente da brutalidade já rezou a História.
Esta vitória representa a subsistência de um partido, que já era governo, no poder. E com a perda em votação e número de deputados, cenário inevitável a qualquer governo em fim de legislatura a breve trecho, deve-se enaltecer a estabilidade política que os Sociais-democratas conseguiram impor com esta tangencial vitória.
Mas a leitura dos números diz-nos mais duas coisas que dão que pensar, quer pela preocupação do facto, quer pela semelhança com os resultados previsíveis das eleições legislativas em Portugal do próximo ano. Em primeiro lugar, os Democratas-Cristãos, como principal partido da oposição, tiveram também uma quebra de votantes, e em segundo lugar, os dois partidos de Extrema-direita (facção sempre muito representativa na Áustria) que têm valores conjuntos que ultrapassam sempre o primeiro dígito, alcançaram mais de 20% do eleitorado.
Dos resultados extrai-se que em resposta à crise, o partido do governo, como seria de esperar é castigado, mantendo ainda assim a maioria relativa. O maior partido da oposição não é encarado como oposição, e os extremos mais em foco avolumam votantes. Transpondo para a realidade portuguesa, nada de mais semelhante espero que aconteça em 2009. O PS deverá ganhar, ficando longe da maioria absoluta de à quatro anos. Mais acrescento que o fenómeno da passagem de votantes não se deverá dar para o PSD mas para o extremismo em foco em Portugal, não o de Direita como na Áustria, mas sim o do Esquerda, com BE a passar a quarta, ou até mesmo terceira força política da legislatura vindoura. Já não se trata de futurismo, infelizmente.
Termino este, até agora relato de política internacional, para comentar os resultados dos Nacionalistas Austríacos. Na verdade, a Extrema-direita com os seus resultados mais elevados desde a II Guerra Mundial, relança definitivamente a questão do seu peso na sociedade Austríaca. Sem fatalismos, até porque se trata de Democracia num país de alta civilização, a tendência é nefasta e avoluma as legítimas preocupações de quem não encarou com bons olhos o congresso dos Neo-Nazis na Alemanha. A proporção das crises turva a benignidade da espécie humana, ou então clarifica a sua índole egoísta, egocêntrica e se me permitem brutal, e infelizmente da brutalidade já rezou a História.
Entendimento sobre o comportamento do FED perante a crise
A bolha, como sempre a bolha… É uma eterna gestão de expectativas. Montado assim está o sistema de mercado. Que não se discuta a proeminência do Capitalismo mas sim a sua complexidade. A crise do SubPrime, essa espiral de desmoronamento do negócio do crédito que se despoletou no Verão de 2007 e que se arrasta até aos dias de hoje, cada vez mais saliente e tentacular levou, segundo as mais restritas regras de mercado à falência das duas maiores instituições hipotecárias nos E.U.A., bem como do quarto maior banco de investimento do mundo e a maior seguradora do globo. Isso mesmo, Fannie Mae e Freddie Mac na Gestão de Hipotecas, AIG nos Seguros e Lehman Brothers na Banca de Investimento faliram, a última na prática, as três primeiras na teoria.
O negócio do crédito fácil, de lucros obscenos e excessivamente precários, aliado às operações financeiras rocambolescas de Short-Selling (a par dos produtos Derivados o expoente máximo da evolução dos mercados financeiros mas também da sua intangibilidade), criaram um sarilho económico.
Pouco interessado nas análises económicas, na pressão inflacionista que impede a elasticidade nas taxas directoras de juro dos Bancos Centrais, nas consequências das falências, do mercado de trabalho à precariedade do direito à habitação e sobretudo da precariedade em que este “the Market always have reason” nos colocou.
A questão é demasiado complexa, e necessita segmentação lógica, até porque deste modo, me encaminho para o paradigma em que me quero focar. Observemos apenas a força dos factos, ironizemos a coerência dos responsáveis afectos ao sistema vigente e interpretemos a virtude da ideologia que lhes assenta.
Quanto a factos, os empréstimos de alto risco acabaram por revelar uma taxa de incumprimento bem acima do expectável, disparando o número de hipotecas, e como, em lei de mercado nos encontramos, uma tal expansão da oferta de casas numa circunstância económica de desaceleração ou até mesmo recuo da procura levou a uma queda abrupta dos preços. A consequência directa foi que os negociantes desta actividade passaram a ter em carteira casas cujo valor caiu a pique. Acrescento ainda que se tornou muito mais complicado desfazer-se destes activos e a crise, como qualquer outra, espalhou-se a todos os restantes sectores de actividade. A bolsa de valores, porque advinha em parte estas situações, tem seguido uma tendência de queda mas algo errática. Esse é sobretudo o principal motivo pelo mini crash da semana passada. A possibilidade de queda da AIG e a falência da Lehman Brothers foi o confirmar de expectativas calamitosas! A bolsa corrigiu em baixa e o mercado estava contaminado quer por activos de “má qualidade” quer por operações de Short-Selling que potenciam estas quedas. Postos os factos últimos, de forma resumida para facilitar a percepção do leitor, estamos prontos a analisar a questão central. O comportamento político de Bancos Centrais e o seu simbolismo, perante a já apelidada de maior crise capitalista do pós Grande Depressão.
Muito se tem afirmado acerca da intervenção do FED na correcção do mercado bancário americano. Alguns apelidam até indevidamente tais actividades como Keynesianas. Como foi referido anteriormente, das quatro falências técnicas (se é que assim lhes podemos chamar) apenas uma se concretizou, por manifesto desinteresse da Administração Bush em salvar a instituição que sobrevivera à I e II Grandes Guerras, bem como à Grande Depressão. Mas o que mais terá de impressionar os atentos, é que a AIG foi socorrida por um empréstimo do FED cujas contrapartidas prendem-se com a aquisição por parte do Tesouro Público de 79,9% da seguradora dando ao estado norte-americano a possibilidade de veto em assembleia. Nada há de mais semelhante com uma nacionalização! Nos casos anteriores, Fannie Mae e Freddie Mac, o FED criou uma linha especial de crédito para salvar, sem que esta fosse directamente a responsabilidade da Reserva Federal Norte-Americana, estas duas companhias. Agora o secretário do Tesouro norte-americano, Henry Paulson, anunciou o plano para criar uma agência governamental para onde serão transferidos os activos de fraca qualidade, relacionados com o crédito de alto risco. Nada há de mais parecido nestes casos com uma deriva intervencionista!
Nacionalização e intervenção são conceitos de economias estatizadas. Na verdade, quase todos o são, em diferentes graus é certo. Acontece que os E.U.A. sempre foram o contrário e não deixa de surpreender ver um governo republicano, e em fim de ciclo, a contradizer-se de forma tão gratuita. Não é objectivo deste texto averiguar os motivos ou a minha concordância com estas actividades, mas sim chamar a atenção para este inflexão histórica.
Por fim e analisando o último ponto a que me propus, não existe virtude num sistema que face aos problemas só funciona contradizendo-se. A aplicação do conceito de mercado, mais lato quanto provável, mais americano quanto exequível implicava outra abordagem do FED, obrigatoriamente. Para qualquer defensor de políticas intervencionistas esta crise é um gáudio! Anos e anos a serem acusados de irrealistas desajustados e agora apanham-se os maiores neoliberais todos em falso! Parece que os extremos se vão tocando, como que um toca a reunir em horas de aflição. Contudo, não é por isso que a aflição se desvanece.
O negócio do crédito fácil, de lucros obscenos e excessivamente precários, aliado às operações financeiras rocambolescas de Short-Selling (a par dos produtos Derivados o expoente máximo da evolução dos mercados financeiros mas também da sua intangibilidade), criaram um sarilho económico.
Pouco interessado nas análises económicas, na pressão inflacionista que impede a elasticidade nas taxas directoras de juro dos Bancos Centrais, nas consequências das falências, do mercado de trabalho à precariedade do direito à habitação e sobretudo da precariedade em que este “the Market always have reason” nos colocou.
A questão é demasiado complexa, e necessita segmentação lógica, até porque deste modo, me encaminho para o paradigma em que me quero focar. Observemos apenas a força dos factos, ironizemos a coerência dos responsáveis afectos ao sistema vigente e interpretemos a virtude da ideologia que lhes assenta.
Quanto a factos, os empréstimos de alto risco acabaram por revelar uma taxa de incumprimento bem acima do expectável, disparando o número de hipotecas, e como, em lei de mercado nos encontramos, uma tal expansão da oferta de casas numa circunstância económica de desaceleração ou até mesmo recuo da procura levou a uma queda abrupta dos preços. A consequência directa foi que os negociantes desta actividade passaram a ter em carteira casas cujo valor caiu a pique. Acrescento ainda que se tornou muito mais complicado desfazer-se destes activos e a crise, como qualquer outra, espalhou-se a todos os restantes sectores de actividade. A bolsa de valores, porque advinha em parte estas situações, tem seguido uma tendência de queda mas algo errática. Esse é sobretudo o principal motivo pelo mini crash da semana passada. A possibilidade de queda da AIG e a falência da Lehman Brothers foi o confirmar de expectativas calamitosas! A bolsa corrigiu em baixa e o mercado estava contaminado quer por activos de “má qualidade” quer por operações de Short-Selling que potenciam estas quedas. Postos os factos últimos, de forma resumida para facilitar a percepção do leitor, estamos prontos a analisar a questão central. O comportamento político de Bancos Centrais e o seu simbolismo, perante a já apelidada de maior crise capitalista do pós Grande Depressão.
Muito se tem afirmado acerca da intervenção do FED na correcção do mercado bancário americano. Alguns apelidam até indevidamente tais actividades como Keynesianas. Como foi referido anteriormente, das quatro falências técnicas (se é que assim lhes podemos chamar) apenas uma se concretizou, por manifesto desinteresse da Administração Bush em salvar a instituição que sobrevivera à I e II Grandes Guerras, bem como à Grande Depressão. Mas o que mais terá de impressionar os atentos, é que a AIG foi socorrida por um empréstimo do FED cujas contrapartidas prendem-se com a aquisição por parte do Tesouro Público de 79,9% da seguradora dando ao estado norte-americano a possibilidade de veto em assembleia. Nada há de mais semelhante com uma nacionalização! Nos casos anteriores, Fannie Mae e Freddie Mac, o FED criou uma linha especial de crédito para salvar, sem que esta fosse directamente a responsabilidade da Reserva Federal Norte-Americana, estas duas companhias. Agora o secretário do Tesouro norte-americano, Henry Paulson, anunciou o plano para criar uma agência governamental para onde serão transferidos os activos de fraca qualidade, relacionados com o crédito de alto risco. Nada há de mais parecido nestes casos com uma deriva intervencionista!
Nacionalização e intervenção são conceitos de economias estatizadas. Na verdade, quase todos o são, em diferentes graus é certo. Acontece que os E.U.A. sempre foram o contrário e não deixa de surpreender ver um governo republicano, e em fim de ciclo, a contradizer-se de forma tão gratuita. Não é objectivo deste texto averiguar os motivos ou a minha concordância com estas actividades, mas sim chamar a atenção para este inflexão histórica.
Por fim e analisando o último ponto a que me propus, não existe virtude num sistema que face aos problemas só funciona contradizendo-se. A aplicação do conceito de mercado, mais lato quanto provável, mais americano quanto exequível implicava outra abordagem do FED, obrigatoriamente. Para qualquer defensor de políticas intervencionistas esta crise é um gáudio! Anos e anos a serem acusados de irrealistas desajustados e agora apanham-se os maiores neoliberais todos em falso! Parece que os extremos se vão tocando, como que um toca a reunir em horas de aflição. Contudo, não é por isso que a aflição se desvanece.
Primeiras linhas de Madrid
Fotografia entitulada "Pressão"
A arte conceptual como forma de demonstrar o período de adaptação inicial...
O Horizonte da Alma X
O espaço está livre,
Resultado de um desconforto grosseiro que graça.
Avancei ainda assim.
Caminhei, mas é tão mais fácil os encontrões,
No meio das ruas movimentadas,
Do que a solidão das vias lúgubres,
Feita exaustão na imensidão do espaço disposto em frente…
Ainda assim avancei.
Ah…
Bloqueio mental, esse meu temor feito real!
Fiz mais uma composição!
Talvez seja este nó a desvanecer-se,
Outro caminho que escolhido,
Não nos leva a outro lado,
Que não à essência de sempre,
O resultado de qualquer caminho,
Sempre igual.
Tolhida jazia essa musa, a Alma,
Nesses caminhos tomados,
Sempre “Escritora de Versos”,
Pois não haveria como ser outra coisa qualquer…
Pedro Carvalho 11/09/08
Alegoria de um semestre em Madrid
A partir de Sábado procurem-me por Madrid, pois para lá me atirei, assim a tempo inteiro e definido.
Mais importância ganhará este blog, o bocadinho da casa que poderei sempre levar comigo.
Tempos de mudança, no mote pois então...
Hoje, no dia 5 de Setembro de 2008, chega, como poderia chegar noutro dia qualquer, o momento da mudança, um golpe de face, verdadeiro mas apenas facial. A partir de hoje, está mais jovial e actual o layout desta folha que de tempos a tempos largo num horizonte vasto que é o espaço cibernético.
Mas não é de vista que carecem os meus leitores, e desta feita, não haveria necessidade em avisar-vos de qualquer mudança, mas para que a mudança não fosse tão superficial, alterei o cunho deste blog, alterando-lhe a frase introdutória. Á luz deste blog, cabe a este texto imortalizar:
"Talvez, de novo, a dor e a euforia de ter vindo ao mundo."
Este verso de Fernando Namora, foi, para mim que deste lugar vos escrevo, o mote certo para um virar de página prometido a mim mesmo. Mas, de tempos a tempos, vemos que são novos os tempos em que nos inserimos, e deles devem resultar novos motes. Por esta razão, alterar o layout deste blog foi um acontecimento casual no dia de hoje, mas não um acontecimento casual na minha história de vida cibernética. Poderia-o ter feito ontem ou amanhã, mas não o poderia ter feito à um ano ou no ano que há de vir.
Da incerteza de um “Talvez, de novo…” com que criei este blog, restam algumas pequenas certezas. Quanto à “… dor e a euforia de ter vindo ao mundo”, essa sempre será a razão da minha escrita, seja ela de que temática for, porque só com o sentimento à flor da pele se constrói uma existência literária séria e duradoura.
Bem vindos ao Folhas ao Horizonte, de um Pedro Carvalho mutante na forma, seguro na génese.
Mas não é de vista que carecem os meus leitores, e desta feita, não haveria necessidade em avisar-vos de qualquer mudança, mas para que a mudança não fosse tão superficial, alterei o cunho deste blog, alterando-lhe a frase introdutória. Á luz deste blog, cabe a este texto imortalizar:
"Talvez, de novo, a dor e a euforia de ter vindo ao mundo."
Este verso de Fernando Namora, foi, para mim que deste lugar vos escrevo, o mote certo para um virar de página prometido a mim mesmo. Mas, de tempos a tempos, vemos que são novos os tempos em que nos inserimos, e deles devem resultar novos motes. Por esta razão, alterar o layout deste blog foi um acontecimento casual no dia de hoje, mas não um acontecimento casual na minha história de vida cibernética. Poderia-o ter feito ontem ou amanhã, mas não o poderia ter feito à um ano ou no ano que há de vir.
Da incerteza de um “Talvez, de novo…” com que criei este blog, restam algumas pequenas certezas. Quanto à “… dor e a euforia de ter vindo ao mundo”, essa sempre será a razão da minha escrita, seja ela de que temática for, porque só com o sentimento à flor da pele se constrói uma existência literária séria e duradoura.
Bem vindos ao Folhas ao Horizonte, de um Pedro Carvalho mutante na forma, seguro na génese.
Opiniões de ouro...
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