Tirei umas férias que me souberam bem. O tempo não era propício (o que se veio a tornar uma agradável surpresa), o espaço era o melhor. Puxou-me a preguiça, e nem pude vacilar porque era tanta a vontade de lhe mergulhar, que nem fiz “finca pé” com ela. Recordo-me de um verso de Zeca Afonso que alegremente nos canta ao ouvido e aconselha “A fadiga é um dom da Natureza” e se não fosse, que era feito do ócio que tanto apreciei?
Na verdade, foi de uma utilidade extrema o “exílio no burgo”. Não respirei ar puro nem bom ar, mas respirei melhor ar. Sinto essa pura leveza na minha disposição. Li um bom livro, prometo escrever algo sobre ele em breve. Estive com quem queria estar e à muito não via. Diverti-me porque me sabem divertir, muitas vezes com aquele tipo de coisas que são aborrecidas para tanta gente e tanto me divertem. “Nadar contra a maré” não é coisa valorizada, e sendo teimosia infértil nem é acto de valor, mas acredito firmemente na valia de quem tem a consciência que não temos de ser da maré que vai alta, mas sim da maré que nos enche e consola, fazendo-nos sentir frutuosos. Tomo essa atitude diante de mim próprio, para assim tomar uma escolha, sem constrangimento, nem presunção.
Tenho mais a crescer que a ensinar. Crescendo posso ser útil aos outros, enchendo a minha maré, que não é feita da maré de ninguém, mas da minha entrega a valores que me fazem ser de amparáveis alicerces. Sinto-me bem na minha terra, porque muito me ensina a vivência naqueles caminhos tão próprios. Sinto-me bem naquele canto, porque este me amansa o espírito, encaminhando e fazendo soar bem dentro de mim, o que realmente leio do mundo, que me perfaz e sustenta.
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